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Proposta de mudança põe filho de Sarney como candidato, se Del Nero sair

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04/06/2015 06h00

Enquanto o futebol brasileiro pergunta se Marco Polo Del Nero vai renunciar à presidência da CBF, a entidade discute mudar as regras para a sucessão presidencial em caso de vacância. A fórmula favorita até agora determina que o sucessor seja escolhido pelo voto. Em assembleia geral, só os vice-presidentes da confederação poderiam ser votados por federações e clubes da Série A.

Nesse formato, cairia a regra que coloca no trono o vice-presidente mais velho. Foi essa norma que levou ao poder José Maria Marin e levaria o catarinense Delfim Peixoto, em caso de queda do atual chefe.

A largada para a discussão do tema foi dada em reunião na sede da entidade na última terça. Del Nero disse que era preciso definir quem comandaria as assembleias da entidade em caso de ausência do presidente (não especificamente agora, mas como regra geral).

Marcus Antônio Vicente, um dos vices, falou da necessidade de mudar o sistema que coloca na cadeira presidencial o vice-presidente mais velho, título não ostentado por ele.

Alguns dirigentes afirmam que do jeito que está a competência é um item ignorado na sucessão, por isso é preciso mudar. Assim, ganhou força a proposta de uma votação tendo como candidatos apenas os cinco vices. Marin, preso na suíça, está afastado temporariamente da vice-presidência que ocupava após ser banido preventivamente pela Fifa. O afastamento definitivo precisa passar pelo crivo da assembleia. Ele é o mais velho e voltaria ao poder no caso de Del Nero se retirar antes da hora (ou ser retirado com um banimento semelhante ao do vice). Mas isso se estivesse no cargo.

Na ausência de Del Nero e Marin, o catarinense Delfim Peixoto passaria a ser o vice mais velho e ficaria com o cetro. Mas, se vingar a nova sugestão, ele seria apenas um dos candidatos no caso de Del Nero não ir até o fim.

O nome mais conhecido com condições de se candidatar seria o de Fernando José Macieira Sarney, do Maranhão e filho do ex-presidente José Sarney. Completariam a lista Gustavo Dantas Feijó, de Alagoas, além do capixaba Vicente e o substituto de Marin, na hipótese de a troca ser feita a tempo. São ao todo 27 federações e 20 clubes com direito a voto.

A discussão sobre a mudança na regra sucessória foi feita com jeito pelos presidentes de federações durante a reunião, sem falar que a preocupação com o tema revela a expectativa de que Del Nero siga os passos de Joseph Blatter e renuncie em meio ao maior escândalo de corrupção no futebol mundial. Foi dado o tratamento de caso genérico, algo que pode voltar a acontecer como aconteceu com Ricardo Teixeira. Afinal, o presidente não admitiu nenhuma vez para os demais dirigentes durante a reunião pensar em renunciar. Apesar dessa postura, nesta quarta, a CBF anunciou que fará uma assembleia para mudar seu estatuto no próximo dia 11. Foi informado apenas que a alteração será proposta pelo atual presidente.

Agora, adivinhe quem não foi convidado por Del Nero para a reunião em que a mudança foi debatida: Peixoto, o primeiro na linha sucessória após Marin. Ele irritou alguns de seus colegas por dizer, na semana passada, que estava pronto para assumir a presidência, se fosse o caso. "Não quero ser presidente, nunca quis. Agora, quando me perguntam se estou pronto, só posso dizer que sim", afirmou Peixoto ao blog na última sexta.

O fato de o catarinense ter sido excluído da última reunião, indica que ele não está entre os que Del Nero gostaria de ver em seu lugar, caso tenha que abandonar o barco. Uma alternativa para o presidente pode ser emplacar um aliado na vaga de Marin e fazer campanha por ele, se a regra de sucessão mudar. Ricardo Teixeira, por exemplo, manobrou para deixar Marin em sua poltrona, mas com Del Nero, em quem confiava, como presidente na prática. Foi uma forma de dividir o poder por um bom tempo, apesar da renúncia.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.