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'Sinto alívio. Neymar pai era herói', diz executivo que se sentiu enganado

Perrone

19/06/2015 06h00

Em fevereiro do ano passado, José Barral, presidente do Grupo Sonda, disse ao blog que a negociação de Neymar com o Barcelona tinha sido para enganar a DIS, empresa controlada pelo grupo comandado por ele.

Nesta semana, a Justiça espanhola abriu processo contra Neymar, seu pai e mais três dirigentes, após queixa-crime apresentada pela DIS. Ela tinha 40% dos direitos econômicos do jogador e quer receber essa fatia do contrato de 40 milhões de euros assinado entre o clube espanhol e a empresa dos pais do atacante, além de outros valores. A acusação é de fraude nos acordos que selaram a transferência do craque.

Veja abaixo depoimento dado pelo executivo ao blog, nesta quinta, sobre o assunto. Ele disse que não poderia falar sobre detalhes do processo porque é o advogado da empresa quem cuida do caso. Neymar e seu pai sempre negaram irregularidades.

"Continuo com a minha opinião de antes. A negociação foi feita para enganar a DIS, com certeza. Agora, acho estranho dizer que o Santos foi enganado. Certamente, alguém no Santos sabia o que estava acontecendo, não a instituição.

A sensação com a decisão da Justiça espanhola de abrir o processo não é de gratificação, é de alívio. De ver que vale a pena você fazer as coisas da maneira correta. Se você faz do jeito errado, uma hora aparece. Se tem crime, uma hora é descoberto. Veja o que está acontecendo.

Não quero ser político, mas acho que a abertura do processo é importante para as pessoas aprenderem a cumprir contrato nesse país. Ninguém no Brasil cumpre contrato.

Também é importante porque aqui falam que tudo no futebol é culpa do empresário, mas não enxergam que às vezes tem outras estruturas nesse meio que atrapalham. Tem empresário bom e ruim como em todos os setores.

Mas, infelizmente, no Brasil tratam o ídolo de uma maneira um pouco equivocada. Nunca é culpa do jogador. O pai dele era tratado como herói, e a DIS falando que estava sendo enganada, mas ele era herói por ganhar o que ganhou. A gente não quer atingir o ídolo Neymar. A DIS só entende que uma parte do que foi negociado pertence a ela, e é isso que estamos buscando. Quem gosta de mexer com futebol acabar enganado é uma coisa que não pode acontecer mais. Espero que a ação seja o começo de uma mudança."

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.