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Sem dinheiro, Corinthians e São Paulo conversam com mesmos investidores

Perrone

08/08/2015 08h21

"Só vamos pegar dinheiro se a taxa for boa para o clube. Enquanto isso, vamos administrando. Você conversa com os fornecedores, prorroga o pagamento, reduz despesas. Já saíram jogadores que custavam R$ 26 milhões por ano e não estavam sendo aproveitados".

"As taxas estão muito ruins e não podemos fazer loucura. Estamos resistindo, pode ser que uma hora a gente não consiga resistir e aceite as condições do mercado (para emprestar dinheiro). Mas, por enquanto não, vamos resistindo, cortando gastos, renegociando pagamentos. Já reduzimos a folha de salarial em pouco menos de R$ 3 milhões por mês com a saída de alguns atletas".

A primeira afirmação é de Osvaldo Vieira de Abreu, vice-presidente de administração e finanças do São Paulo. Já a segunda foi feita por Emerson Piovezan, diretor financeiro do Corinthians.

Reparou como as declarações são parecidas? Qualquer um dos dois poderia ter dito ambas. Elas se encaixam no contexto dos dois clubes que se enfrentam neste domingo no Morumbi envoltos em grave crise financeira.

O sufoco é tão semelhante que os rivais chegam a esbarrar na mesma tábua de salvação. É o caso de um fundo de investimento em direitos creditórios (que empresta dinheiro em troca de receitas futuras, como contratos de TV), que, por acaso, abriu negociações com dirigentes dos dois clubes. Os investidores falam emprestar 100 milhões para cada um.

Mas, são-paulinos e corintianos querem taxas de juros menores, e não fecharam negócio. Pelo menos por enquanto.ão

O Corinthians admitiu pegar no máximo R$ 50 milhões desse fundo. "Mas ainda não está dentro do que podemos fazer", disse Piovezan. No momento a negociação está travada.

Por sua vez, Abreu afirma que o São Paulo foi procurado pelo fundo, mas já descartou a negociação. Os investidores, no entanto, acreditam que ainda pode dar negócio. "Vamos fazer um fundo para captar até R$ 200 milhões com a participação de são-paulinos que querem ajudar. Esse é o nosso foco agora", afirmou o vice tricolor.

Enquanto o dinheiro não chega, os dois dirigentes da área financeira fazem o papel chato de tentar barrar contratações caras.

"Tomamos as decisões em conjunto. Não é fácil cortar na carne, mas temos que fazer. Teve um clube que quis vender um jogador por 5 milhões de euros para nós e não quisemos. Mesmo parcelado, não podemos fazer. Uma hora tem que pagar", contou Abreu.

"É só você ver os jogadores que falaram que o Corinthians iria contratar e não vieram", disse Emerson, sobre a política de pés no chão.

Semelhantes na hora de administrar o clube, os dois também contam com uma vitória no domingo para atenuar a dureza diária de quem sofre para conseguir remunerar seus jogadores. "Se vencermos, vamos ter que pagar as contas na segunda do mesmo jeito, mas o ambiente fica bem melhor com vitória", vislumbrou Abreu.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.