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Aventura corintiana no Rio tem até relato de rajada de metralhadora

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20/11/2015 09h53

"Nosso ônibus estava sendo escoltado pela polícia. Quando chegamos na linha vermelha, dois motoqueiros se aproximaram e atiraram na nossa direção. Os tiros pegaram na lataria, e ninguém se feriu". O relato é de um dos membros das torcidas organizadas do Corinthians que foram a São Januário ver seu time ser campeão nesta quinta.

Esse não foi o único depoimento sobre problemas no caminho para o estádio. Outro torcedor contava que o ônibus em que estava foi alvejado por tiros de metralhadora disparado por um homem com camisa de uma organizada do Vasco, também sem ferir ninguém.

Apesar das duas histórias, o clima na entrada dos visitantes era tranquilo, já que a barreira policial funcionou. Do lado de dentro do estádio, a venda de cerveja, permitida no Rio, provocou excitação. A bebida é proibida nas arenas paulistas.

Mas logo a euforia se transformou em confusão quando corintianos foram acusados de tentar saquear o bar. A polícia soltou uma bomba de gás para controlar a situação e a venda ficou proibida por alguns minutos. Sorte de um vendedor que trazia cerveja do setor vascaíno para vender com ágio aos corintianos.

Cano estourado no banheiro de São Januário para refrescar corintianos

Cano estourado no banheiro de São Januário para refrescar corintianos

Quando o jogo começou, uma cena chamava atenção por destoar tanto do clima de terror na semana que antecedeu ao jogo. Uma corintiana amamentava uma criança com a naturalidade de quem está na pracinha do bairro. Como de costume nas partidas em São Januário, as organizadas do time paulista tinham vetado a presença de mulheres e crianças. Mas algumas foram.

Mesmo com o jogo difícil no Rio, a maioria dos corintianos não comemorou como se fossem do seu time os gols do rival São Paulo, em cima do Atlético-MG, que ajudavam o alvinegro.

A explosão de alegria veio com o gol de Vágner Love, que fez ecoar nas arquibancadas durante as homenagens aos jogadores um grito improvável na maior parte do campeonato: "O Love vem aí, e o bicho vai pegar".

Enquanto a maioria dos torcedores permanecia na arquibancada reverenciando o time, mais gente do que o banheiro dos visitantes pode suportar se acotovelava principalmente em busca de água para beber e se banhar. Um cano foi arrancado permitindo a improvisação de um chuveiro.

Refrescados, os corintianos saíram com tranquilidade do território hostil, da mesma forma como entraram. A repercussão das ameaças feitas durante a semana pelos donos da casa transformaram a passagem pelo estádio numa das mais tranquilas da história corintiana na casa do Vasco. E mais felizes também, graças ao hexacampeonato.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.