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Caixa desistiu de 'batizar' Arena Corinthians por medo de ser ignorada

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19/01/2016 17h41

NELSON ALMEIDA/AFP

NELSON ALMEIDA/AFP

 

Entrevista com Gerson Bordignon, superintendente nacional de promoções e eventos da Caixa Econômica.

A Caixa já definiu um investimento de R$ 83 milhões em patrocínios no futebol em 2016 e conversa com mais clubes. Por que investir tanto em tempos de crise?

Minha opinião pessoal é que na crise você tem que investir. A Caixa tem concorrente que investe na Copa do Mundo, outro nas Olimpíadas, então, precisa também estar presente no meio esportivo. E está forte no futebol.

Além dos clubes já anunciados (Flamengo, Cruzeiro, Atlético-MG, Sport, Vitória, Atlético-PR, Coritiba, Figueirense, Chapecoense e CRB), com quem o banco continua conversando?

Com Corinthians, Atlético- GO e Vasco.

Existe dinheiro para fechar com os três? (Diário Oficial divulga patrocínios da Caixa; veja quanto cada clube ganhará)

Sim, o cobertor dá para os três.

Quais os critérios de escolha dos clubes patrocinados?

Entendemos que para ter uma relação marcante com o torcedor o patrocínio tem que ser de longo prazo, então, nossa prioridade foi renovar os contratos que já tínhamos e entrar no mercado mineiro, que é muito importante para nós.

Em Belo Horizonte vocês entraram com os dois rivais (Cruzeiro e Atlético-MG). Em São Paulo só patrocinam o Corinthians.

São Paulo e Rio de Janeiro são mercados com características diferentes de Minas Gerais. Com quatro times, a rivalidade se dilui. Em Belo Horizonte, não tem jeito, tem que ser os dois. Temos algumas avaliações que mostram isso e não queremos arriscar.

Qual o entrave para renovar com o Corinthians?

A conversa com o Corinthians foi preliminar porque o contrato não acabou, então não tem entrave. Nossa data limite é 23 de fevereiro, e acredito que não vai ser difícil renovar.

A Caixa tem interesse nos naming rights do estádio do Corinthians? (Como divulgou o blog do Rodrigo Mattos, o banco tem preferência na aquisição do nome da arena corintiana)

Conversamos sobre naming rights, não só com o Corinthians, mas com outros donos de estádio também, e entendemos que não vale a pena porque o mercado não entrega o nome que você compra. A imprensa sempre chama (a arena) pelo nome de batismo. A cultura aqui é diferente da que existe nos Estados Unidos. Lá eles falam o nome da empresa. Como isso não acontece aqui, descartamos as possibilidades que tivemos.

Mas a diretoria do Corinthians afirma ter segurança de que a Globo vai falar o nome do patrocinador do estádio.

Nós não temos essa segurança que o Corinthians tem. Já fizemos alguns testes em outros esportes, até com a Globo, e não deu certo. Nos próximos anos essa possibilidade está descartada. Se mais para frente isso mudar, houver uma mexida no mercado e começarem a falar o nome das empresas podemos nos interessar.

Quem dá mais retorno, Corinthians ou Flamengo?

O retorno é bem similar. São grandes torcidas, com características diferentes. O Flamengo mais nacional, a do Corinthians mais localizada em São Paulo, se bem que tem crescido nacionalmente também. Os contratos são diferentes, então o Corinthians dá um pouquinho mais de retorno porque temos a frente e as costas da camisa. No Flamengo, só temos a frente.

Como vocês lidam com a pressão política para patrocinar clubes que estão sem patrocínio?

Não existe pressão política, por mais que exista uma ou outra reunião com um político, nunca teve pressão. Nossas escolhas são técnicas. Às vezes, você chega numa cidade para assinar um contrato, um político local chega lá e fala para a mídia regional que foi ele que conseguiu o patrocínio. Não é verdade, mas não temos como impedir isso.

Como a Caixa reage a críticas de que banco público não deve investir em futebol?

É uma questão de opinião. A Caixa é um banco comercial, tem concorrentes e tem que fazer publicidade. Precisa ter clientes, captar dinheiro para poder fazer financiamentos. E entendemos que o futebol é um grande mural para expor nossa marca.

Mesmo com a imagem dos dirigentes de futebol tão desgastada como agora?

Entendemos que o futebol continua sendo a grande paixão nacional.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.