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Medo de não vender nome do estádio é 1ª reação no Corinthians à lava jato

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22/03/2016 13h58

A notícia de que a operação lava jato investiga suspeita de pagamento de propina em relação à construção do estádio do clube não surpreendeu conselheiros do Corinthians. Havia o sentimento de que cedo ou tarde a arena entraria na mira da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no Paraná. Mesmo assim, membros do Conselho Deliberativo estão atônitos, sem saber direito o que aconteceu. Por isso, antes de agirem internamente querem esperar pela divulgação de mais informações.

"Nesse momento, precisamos ter muita calma. Primeiro precisamos saber exatamente o que está acontecendo. Se alguém eventualmente for citado, tem o direito de se defender. Temos que respeitar isso. Só depois podemos nos posicionar", disse ao blog Antonio Roque Citadini, ex-candidato à presidência do Corinthians e um dos líderes da oposição alvinegra.

Porém, parte dos conselheiros já tirou algumas conclusões. Uma delas é a certeza de que a investigação vai dificultar ainda mais a negociação dos naming rights do estádio. A avaliação é de que a ação policial afastará possíveis interessados que não vão querer associar suas empresas a uma obra investigada.

"O primeiro reflexo é dificultar a venda dos naming rights, se é que existe mesmo alguma negociação em andamento", afirmou Osmar Stábile, também membro da oposição.

Emperrada, a venda dos naming rights é fundamental para o Corinthians conseguir pagar a obra. O fundo que controla a arena disse no Conselho Deliberativo que se o negócio não for feito logo há o risco de não haver dinheiro para pagar em abril a parcela de março do financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES por meio da Caixa Econômica Federal.

Outra análise é de que o caso abala o grupo político de Andrés Sanchez. André Luiz Oliveira, vice-presidente do clube, braço direito do deputado federal e que trabalha no escritório político dele como funcionário público, é um dos alvos da investigação.

A Polícia Federal afirma que o número de telefone de André aparece em uma planilha de pagamentos suspeitos feitos pela Odebrecht. Nesse caso, de R$ 500 mil. Por isso, houve busca e apreensão na casa do dirigente. O juiz Sérgio Fernando Moro deferiu a condução coercitiva do cartola para depor.

Em entrevista ao blog, André já admitiu que pretende ser candidato à presidência do clube na próxima eleição. O dirigente não atendeu às ligações do blog até a publicação deste post.

Enquanto conselheiros buscam informações para entender melhor o que aconteceu e quais podem ser os reflexos para o Corinthians, já existe sócio se mobilizando para apresentar um pedido de explicações da diretoria sobre o assunto.

Já o departamento jurídico do clube afirma não ter conhecimento de nenhuma busca e apreensão na sede do clube ou de alguma notificação da Justiça sobre o caso. "Por enquanto, aguardaremos mais informações", disse ao blog o diretor de negócios jurídicos do Corinthians, Rogério Mollica.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.