Topo

Perrone

Milton fora: oposição do SPFC espera apoio de Abilio. Direção espera guerra

Perrone

25/03/2016 07h18

A demissão de Milton Cruz, que há 22 anos integrava comissão técnica do São Paulo, marca uma nova e tensa fase na política do São Paulo. É o que pensam diretoria e oposição do clube. Isso porque os dois lados esperam uma reação intensa de Abilio Diniz, amigo do funcionário e que brigava por sua manutenção como assistente técnico, função da qual já tinha sido desligado antes de cair nesta quinta.

Assim que soube da demissão, a oposição abriu seus braços para receber Abilio numa embrionária campanha eleitoral para a presidência do clube em abril do ano que vem. Ainda não há candidato definido.

Os opositores entendem que além de voltar a atacar ferozmente a diretoria, o empresário e consultor do Conselho Consultivo vai participar da próxima eleição como nunca, apoiando vigorosamente um candidato de oposição.

Na avaliação dos opositores, a degola de Cruz fará o empresário entender que ele não terá outro meio para tentar implantar a gestão profissional que prega no clube a não ser colocando na cadeira um presidente em sintonia com ele. O que, aliás, acreditava já ter acontecido com a eleição de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Vale lembrar que a maioria dos que esperam serem abraçados por Diniz, cobrava insistentemente a demissão de Cruz.

A diretoria espera o mesmo. Acredita que a demissão de Milton provocará nova guerra com Abilio, que já vinha atacando a direção para pedir a implantação da profissionalização, a queda do vice de futebol Ataide Gil Guerreiro, já conseguida, e a manutenção de Cruz na comissão técnica. Ele já havia sido derrotado ao indicar Milton no final do ano para o cargo de técnico.

Ao tomar a decisão de demitir o funcionário, uma exigência do novo diretor de futebol, Luiz Cunha, e um desejo do próprio presidente, Leco sabia que provocaria novos ataques de Abilio. Mas entendeu que as decisões que acredita serem necessárias ao clube não podem depender da vontade de quem o ajudou a se eleger.

"É hora de fugir para a montanha que o Abilião vem aí", foi uma das frases ditas entre membros da diretoria após a oficialização da saída de Milton. O cenário previsto pelos dirigentes é o de conselheiros da oposição se aproximando de Diniz para que ele use seu prestígio no clube a fim de minar Leco ou outro candidato situacionista, como fez com Carlos Miguel Aidar.

Porém, a cúpula são-paulina acredita estar preparada para o confronto. Também está aliviada, pois acha que sem o ex-funcionário parte dos problemas da equipe será resolvida.

Para a direção, Cruz fazia mal ao elenco por estar insatisfeito com a função de estruturar um departamento de análise de desempenho e jogava mais lenha na fogueira quando um jogador o procurava se queixando de algo. Ele também era visto como informante de Abilio e criticado por supostamente não ter boa vontade com os atletas da base.

Por tudo isso, o comando tricolor afirma que vale correr o risco de ver Diniz entre os líderes da oposição, mesmo sem ser conselheiro, além de acelerar o processo eleitoral.

Na última terça, a oposição já havia feito dois encontros pregando união em busca de um só candidato.

O blog tentou falar com Abilio, mas sua assessoria de imprensa disse que não conseguiu entrar em contato com ele.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.