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Andrés Sanchez tem cinco aliados envolvidos em casos polêmicos

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10/05/2016 09h25

Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, vive situação rara no Corinthians desde que se tornou o mais influente cartola alvinegro. Ao mesmo tempo, ele vê uma série de aliados enfrentarem problemas no clube. Cinco deles ficaram em posições desconfortáveis recentemente, tendo que se explicar sobre as situações nas quais se envolveram.

Um perdeu o emprego e três têm seus nomes em episódios investigados pela Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo e pelo Ministério Público.

Os casos geram turbulência no grupo político de Andrés e podem afetar uma eventual candidatura do deputado federal à presidência como sucessor de Roberto de Andrade.

Veja abaixo a situação dos cinco amigos do ex-presidente.

André Luiz Oliveira, o André Negão – Um dos vices do clube e principal funcionário do escritório do deputado federal Andrés em São Paulo, ele foi alvo de uma condução coercitiva na operação Lava Jato. O endereço dele aparece em uma suposta lista de propinas pagas pela Odebrecht. A anotação registrava o valor de R$ 500 mil e o codinome Timão. O cartola chegou a ficar detido na delegacia por causa de duas armas irregulares encontradas na sua casa. Ele é a pessoa em que Andrés mais confia no clube. A Comissão de Ética e disciplina investiga se André feriu o estatuto com suas atitudes. O caso abala a pretensão do vice de ser o primeiro negro a presidir o Corinthians.

Manoel Evangelista, o Mané da Carne – O conselheiro é apontado como quem apresentou o piloto americano Helmut Niki Apaza ao departamento amador do Corinthians. O estrangeiro afirma que levou dois golpes no clube. Um por pagar US$ 60 mil por 20% de Alyson, jogador que não tinha completado 16 anos e assim não havia assinado contrato profissional com o clube. Logo não existiam direitos econômicos para serem vendidos. Outra acusação de Apaza é ter pago US$ 50 mil por uma carta que lhe dava o direito de representar o clube nos Estados Unidos. Ele afirma ainda que Evangelista foi um dos destinatários do dinheiro. Assim como Negão, Mané esteve ao lado de Andrés desde o início da carreira política do ex-presidente, que demonstra gratidão ao amigo. Ele também é funcionário do escritório político de Andrés na capital paulista. O trio de amigos convivia nas categorias de base nos tempos de Alberto Dualib. E se encontrava na casinha em que despachava o vice Nesi Curi, afastado com Dualib após série de denúncias. Mané nega ter recebido o dinheiro. Além da Comissão de Ética e Disciplina, o Ministério Público também investiga o caso.

Eduardo Ferreira, o Edu dos Gaviões – O diretor de futebol assinou uma das duas cartas emitidas pelo clube para Apaza. Ele afirma, porém, que o documento que tem sua assinatura não é o mesmo pelo qual o americano diz ter pagado. Edu se aproximou de Andrés durante a campanha para expulsar Dualib. Foi ativo no clube e nas arquibancadas, conquistando a confiança e a amizade de Andrés. Também ficou muito próximo de Roberto de Andrade, de quem virou importante cabo eleitoral, sendo nomeado depois para atuar na diretoria de futebol. O deputado federal, nem precisou fazer muita força para defender o amigo. Internamente, Andrade já fez isso, sinalizando que em sua avaliação Edu não fez nada errado ao assinar a carta.

Fabio Barrozo – Contratado para trabalhar nas categorias de base do clube como homem de confiança de Andrés. É apontado por Apaza como o principal articulador das operações das quais se diz vítima. Pediu demissão logo depois de o americano levar o caso ao departamento jurídico corintiano, mas nega ter cometido crimes e recebido o dinheiro pelo documento para Apaza. Exibe com orgulho uma carta de referência dada pelo clube.

Joaquim Grava – O consultor médico do Corinthians e pai de um dos médicos do clube, Ivan, é amigo de longa data de Andrés. Foi homenageado com seu nome no CT alvinegro, como desejava Sanchez. Recentemente, Grava foi a público para falar sobre duas situações desconfortáveis envolvendo o departamento no qual atua. O primeiro caso se refere à suspeita de que os médicos demoraram para diagnosticar uma fissura sofrida por Elias. Na ocasião, Grava negou ter havido erro. Depois, veio o caso de Yago, flagrado no exame antidoping por ter tomado remédio sob orientação do clube. O consultor deu entrevista assumindo a responsabilidade pelo episódio e preservando o jogador.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.