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Cartolas investigam novas suspeitas nas categorias de base do Corinthians

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04/05/2016 08h10

Pressionado por aliados políticos, Roberto de Andrade anunciou nesta terça no site oficial do Corinthians que encaminhou para a comissão de ética do Conselho Deliberativo caso em que o americano Helmut Niki Apaza diz ter sido vítima de golpe no clube. Agora a pressão é para que mais suspeitas de irregularidades envolvendo o futebol amador sejam apuradas. Pelo menos dois diretores do clube trabalham para provar casos semelhantes nas categorias de base alvinegras.

A oposição também quer uma investigação que não se limite só a acusação do piloto de aviões americano Helmut Niki, que diz ter pagado por 20% dos direitos econômicos de Alyson, que nem tinha fatias a serem negociadas, pois ainda não havia assinado seu primeiro contrato profissional. Ele também afirma que pagou US$ 50 mil por uma carta que o apresenta como representante oficial do Corinthians nos Estados Unidos.

Poucas horas antes de o presidente anunciar suas medidas, Romeu Tuma Júnior, conselheiro oposicionista, entregou requerimento ao conselho pedindo a apuração do caso, mas cobra também uma apuração maior nas categorias de base.

"A investigação tem que contemplar casos semelhantes, já que o americano afirmou (ao UOL Esporte) que outros empresários foram lesados, mas ficaram quietos. Não descarto ir à polícia e ao Ministério Público para pedir investigações, preservando o clube e o torcedor em relação a possíveis prejuízos. A Fifa pode punir o Corinthians nessa história. É proibido negociar jogadores com empresários", disse Tuma Júnior.

Os dois membros da diretoria que investigam outros casos e pediram ao blog para não serem identificados dizem que têm conhecimento de várias outros episódios suspeitos, todos envolvendo o departamento amador, mas que ainda buscam provas. Falam em limpar a área, mesmo cortando na carne, em referência ao suposto envolvimento de membros do grupo político da diretoria.

Tanto o material encaminhado por Andrade como o pedido feito por Tuma Júnior serão analisados pela comissão de ética e disciplina do conselho, que tem o poder para punir até com expulsão conselheiros envolvidos em irregularidades. Eventuais punidos podem recorrer da decisão no conselho.

Niki foi apresentado ao clube pelo conselheiro Manoel Evangelista, o Mané da Carne, homem de confiança de Andrés Sanchez e que é um dos alvos das investigações. José Onofre Almeida, diretor de futebol amador e Eduardo Ferreira, diretor de futebol profissional, responsável por assinar a carta de autorização, também estão entre os investigados. Todos negam terem cometido irregularidades.

O departamento jurídico do clube afirma que o Corinthians foi vítima no episódio.

"Precisamos saber se Edu tinha autorização do presidente para assinar a carta que o americano alega ter comprado. Se tinha, o clube não é vítima e falhou por não tomar os devidos cuidados para que isso não acontecesse. Se o presidente não autorizou, houve falsidade ideológica", afirmou Tuma Júnior. Edu declarou que foi autorizado a assinar o documento, mas negou o recebimento de dinheiro.

Em seu requerimento, Tuma Júnior pede a apuração dos supostos crimes de estelionato (a venda dos 20% dos direitos econômicos de Alyson que não existiam) e falsidade ideológica, além da expulsão do clube de eventuais culpados.

Clique aqui e aqui para ler sobre as denúncias feitas por Apaza.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.