Diretor do SPFC explica transformação de time que mal se cumprimentava
Em cerca de três meses o São Paulo foi de time desacreditado, detonado por sua torcida e com o vestiário rachado a candidato a único brasileiro nas semifinais da Libertadores. Como foi possível essa transformação? Quem explica na entrevista abaixo é Luiz Antonio da Cunha, que assumiu a diretoria de futebol após a saída do vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro.
Quais os principais fatores que levaram à transformação do São Paulo?
Tem um pouco do crescimento natural, que ocorreria de qualquer forma, mesmo sem a troca na diretoria. Mas é um pouco também pela mudança do ambiente, uma troca tão radical sempre proporciona mudanças. Muda o jeito de lidar com as pessoas. O que fizemos foi tirar a tensão do ambiente, que era muito tenso. Essa distensão ajudou muito o time.
Você fez com os outros jogadores um trabalho semelhante ao que desenvolveu com Michel Bastos, de estar sempre por perto, conversar individualmente e mostrar a importância dele para o clube?
O caso do Michel foi pontual. Não fiz isso com todos, mas fiz um trabalho coletivo para tirar a tensão. As pessoas quase não se cumprimentavam, quase não sorriam. Um sentava para almoçar do lado do outro, não cumprimentava e se levantava no final sem conversar o jantar inteiro. Isso mudou hoje por que eles estão felizes.
Por que quase não se cumprimentavam e quase não conversavam?
Por estarem tristes.
Mas como você faz pessoas que mal se cumprimentavam passarem a conversar nas refeições?
Mantendo o meu jeito de ser de quando era diretor das categorias de base, sendo pai todos os dias. Fazendo as pessoas rirem, contando causos, dividindo o peso, atribuindo o mérito, estando sempre presente. Se o ônibus tem um problema, eu lembro uma situação engraçada que já aconteceu, ajuda a tirar a tensão.
Vocês fizeram terapia de grupo?
Cheguei a pensar em fazer, mas não fiz. Procurei a psicóloga do time, trocamos ideias, e ela me deu dicas de como agir. Além disso, a psicóloga conversa individualmente com eles.
Para algumas pessoas no São Paulo, o ponto forte do time é ter jogadores cascudos, valentes para jogar a Libertadores. Você concorda?
Ninguém é candidato (ao título) numa Libertadores como nós, modestamente, somos hoje, sem valentia, mas penso que temos mais técnica do que força. São jogadores de muita qualificação. Quando desenvolvem garra e estão unidos dá muita liga.
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