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São Paulo bancou 10 conselheiros em ida ao México e irritou oposição

Perrone

08/05/2016 06h00

A partida de volta do São Paulo contra o Toluca, pelas oitavas de final da Libertadores, representou para dez conselheiros tricolores que não são diretores a chance de viajarem ao México com as despesas pagas pelo clube, além de curtirem a praia na bela Acapulco, cidade para o qual o time foi antes do jogo.

Eles foram convidados pela diretoria para viajar com a delegação. Viajaram em voo fretado e tiveram as despesas de estadia e alimentação pagas pelo São Paulo.

O privilégio gerou críticas de conselheiros da oposição ao presidente são-paulino, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O avião acabou apelidado de Aero Leco.

Levar integrantes do conselho de graça para viagens do time foi um dos primeiros gestos do ex-presidente Juvenal Juvêncio criticados por Carlos Miguel Aidar ao assumir a presidência (ele renunciou após uma série de denúncias).

Para os opositores, Leco, que não participou da viagem, usou o clube para agradar conselheiros com fins políticos. Muitos deles estão indecisos entre apoiar a atual gestão ou integrar a oposição, segundo relato de adversários do presidente. Os membros do conselho escolhem o presidente do clube e tomam outras decisões importantes, como aprovar ou reprovar as contas da diretoria.

Recentemente, Leco, que pode tentar a reeleição em abril de 2017, sofreu um golpe no Conselho com a exclusão de Ataíde Gil Guerreiro do órgão. O presidente trabalhou pela absolvição do ex-vice de futebol, atualmente diretor de relações institucionais. Ele foi punido sob a acusação de agredir Aidar, antecessor de Leco.

"O clube acabou de apresentar seu balanço de 2015 com um déficit de R$ 72, milhões. Nesse sentido, deveria zelar pela austeridade e evitar gastos desnecessários nas viagens", disse ao blog Newton Luiz Ferreira, o Newton do Chapéu, que concorreu com Leco à presidência. Segundo ele, vários conselheiros da oposição foram convidados para a viagem e não aceitaram o convite por causa do momento financeiro difícil enfrentado pelo clube.

Por sua vez, a assessoria de imprensa do São Paulo disse que, pelo fato de o voo ser fretado, não houve gasto com passagens e que o clube tem tarifas especiais em hotéis.

Abaixo, veja as notas enviadas ao blog pela assessoria de imprensa e por Newton do Chapéu.

Nota da assessoria de imprensa do São Paulo

"O Conselho Deliberativo do São Paulo é formado por pessoas que emprestam seu tempo ao clube sem cobrar absolutamente nada em troca. Por ter um voo fretado para o México e alguns lugares a serem preenchidos, a diretoria utilizou de uma prerrogativa que lhe é de direito e convidou alguns desses conselheiros, que também têm entre suas funções representar o clube.

Cumpre registrar que esse tipo de ação acontece apenas em voos fretados e os convites contemplam diversas correntes de pensamento justamente por se tratar de uma ação institucional, não política. Além disso, essa é uma medida tradicional e repetida à exaustão em outras agremiações sem que jamais tenha virado pauta na imprensa, justamente numa semana onde o clube restou ao lado do Atlético-MG como único representante brasileiro na Libertadores.

Reiteramos que trata-se de uma ação institucional planejada, de baixo custo e que será repetida sempre que a diretoria julgar pertinente."

Nota enviada por Newton do Chapéu após ser procurado pelo blog

"O Conselho Deliberativo, demonstrou a sociedade tricolor no último dia 25/04, que começou a passar o SPFC a limpo, expulsando o Ataide e o Aidar. O Leco demonstra total desrespeito à instituição, na medida que mantém o Ataide na diretoria Institucional, o que pode ser até legal, mas é imoral. O clube acabou de apresentar seu balanço de 2015 com um déficit de R$ 72 milhões, neste sentido, ele deveria zelar pela austeridade, e evitar gastos desnecessários nas viagens. Vários conselheiros da oposição foram convidados para acompanhar a delegação, e face ao momento difícil financeiro que atravessamos, declinaram do convite. Temos hoje uma diretoria amadora, que repete os hábitos políticos das gestão JJ (Juvenal Juvêncio), ao convidar conselheiros para acompanhar a delegação, sem visão profissional, pois, se o avião foi fretado, o pagamento do avião veio na exposição da empresa na camisa, então não foi de graça, deveríamos ter feito um trabalho de marketing junto aos nossos sócios-torcedores, sorteando os lugares disponíveis, o que estimularia a adesão a este programa, aumentando nossa receita, e prestigiando nosso maior patrimônio, o torcedor".

Atualização

Após a publicação do post, a assessoria de imprensa do São Paulo enviou ao blog links referentes a uma série de promoções feitas com sócios-torcedores e sócios do clube que puderam viajar para o México no mesmo avião da delegação.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.