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De reforços a paciência com técnicos. As diferenças entre Nobre e Andrade

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12/06/2016 10h29

Adversários no clássico paulistano deste domingo, Palmeiras e Corinthians carregam diferenças marcantes nos estilos de gestão de seus presidentes, Paulo Nobre e Roberto de Andrade. Abaixo, as principais delas.

 

Contratações

A administração de Nobre no Palmeiras é marcada por seguidos pacotes de reforços. Conselheiros do clube calculam que desde 2013 o presidente fez 102 contratações. As constantes reformulações no elenco tornam difícil para o time ter um padrão de jogo estável.

Por sua vez, Andrade manteve a política que já vigorava no clube com seu antecessor, Mário Gobbi, de fazer contratações pontuais para repor peças perdidas.

Treinadores

Enquanto ainda era candidato à presidência, Andrade alinhavou o contrato atual de Tite por três anos, sinal de que pretende manter a filosofia implantada no clube por seu grupo político, capitaneado por Andrés Sanchez, de ter paciência com técnicos, algo escasso no Palmeiras de Nobre. Desde de 2013, a prancheta palmeirense passou por seis profissionais: Gilson Kleina, Gareca, Dorival Júnior, Oswaldo de Oliveira, Marcelo Oliveira e Cuca, sem contar o interino Alberto Valentim.

As mudanças no comando ajudam a girar sem parar a roda de contratações e provocam constantes mudanças no sistema de jogo do time.

No mesmo período, com Gobbi e Andrade, o Corinthians só teve dois treinadores: Tite, com duas passagens, e Mano Menezes.

Presença

Os dois cartolas também têm jeito diferente de acompanhar o que acontece com suas equipes. Andrade conta no vestiário com um diretor estatutário, o conselheiro Eduardo Ferreira, conhecido como Edu dos Gaviões, por sua ligação com a torcida. Homem de confiança também de Andrés, ele faz a ligação entre o time e a presidência, e se reúne constantemente com jogadores, além de acompanhar de perto o trabalho do dirigente remunerado Edu Gaspar.

 Já Nobre não nomeou um diretor de futebol. Ele costuma despachar no CT do clube, ficando próximo da equipe e dá amplos poderes a seu executivo no futebol, Alexandre Mattos. São muitas as críticas de conselheiros a ele pela autonomia dada ao funcionário.

Grana

Mais de 150 milhões já foram emprestados por Nobre ao Palmeiras. Recentemente, ele ainda bancou as contratações de Mina e Roger Guedes. O cartola afirmou ao COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) que se houver lucro em eventuais vendas dos dois ele será todo do clube. No caso de prejuízo, ficará só com o dirigente.

No Parque São Jorge, o presidente não é milionário como o palmeirense. Por isso o clube recorre frequentemente a empréstimos bancários e até pega dinheiro emprestado com empresários. Mas Andrade figura como avalista de operações em instituições bancárias.

Torcidas Organizadas

O trato com as uniformizadas é uma das principais diferenças entre os dois presidentes. Paulo Nobre rompeu com a Mancha Alviverde já no início de seu mandato. Não dá ingressos e nem colabora com caravanas. Na semana passada, afirmou que expulsaria do programa de sócio-torcedor seguidores do time que brigaram com flamenguistas em Brasília.

Na contramão do colega palmeirense, Andrade logo que assumiu o cargo nomeou um diretor de futebol integrante da Gaviões da Fiel, estreitando as relações com a uniformizada. A sintonia com a torcida organizada até colocou em risco o relacionamento dos cartolas com Tite. O treinador não gostou de o portão do CT ser aberto para torcedores uniformizados conversarem com jogadores. Andrade fez questão de falar em público que no caso a opinião do presidente prevaleceu sobre a do treinador, e que vai continuar permitindo reuniões como a que gerou discórdia.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.