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Diretor do SPFC pediu demissão após não ser ouvido sobre congelar reforços

Perrone

07/06/2016 11h51

Entrevista com Luiz Antônio da Cunha, que pediu demissão do cargo de diretor de futebol do São Paulo.

Por que o senhor pediu demissão?

O São Paulo tem uma estrutura que precisa ser mudada, existem barreiras que precisam ser removidas, mas não consegui fazer essa mudança e estava me sentindo infeliz por causa disso. Agora me sinto aliviado. Com esse movimento, espero ajudar a quebrar essa estrutura.

Que barreiras são essas?

São coisas estruturais, uma resistência natural a mudanças.

Na semana passada, o senhor me disse que era contra o clube contratar jogadores antes de resolver a situação do Maicon. Mas as negociações continuaram. Sua decisão passa por aí?

Passa. Não falo nome de jogador porque o problema não é o jogador, não sou contra quem foi contratado. O problema é que acredito que não podemos gastar antes de resolver a situação do Maicon e saber quanto dinheiro teremos disponível. Ninguém me consultou sobre contratação. Procurei o Gustavo (Vieira de Oliveira, executivo de futebol do clube), perguntei se estávamos contratando alguém, e ele me disse que tinha negociação em andamento, no valor de US$ 2 milhões. Falei para parar imediatamente. Para não fazer nada até resolver com o Maicon (o empréstimo do zagueiro termina no final de junho e o São Paulo tenta sua aquisição junto ao Porto). Quinze dias depois ele me informou que tinha feito a contratação. (Nota do blog, o jogador em questão é o peruano Cueva).

Esse foi o problema central, então?

Não só isso. As questões são estruturais. Como você pode gerir o futebol sem estar em compasso com a gestão financeira do clube? Como pode contratar, sem consultar o diretor, gastar o que o diretor acredita que o clube não pode gastar? Tem a questão da integração com a base. Fui chamado pelo presidente para fazer essa integração. Mas ela não estava acontecendo como deveria. Não existe conversa entre os treinadores. Temos uma estrutura arcaica que espero ajudar a mudar com minha decisão.

É difícil trabalhar numa estrutura em que o executivo da área tem tanta autonomia?

É difícil.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.