Diretor do SPFC pediu demissão após não ser ouvido sobre congelar reforços
Entrevista com Luiz Antônio da Cunha, que pediu demissão do cargo de diretor de futebol do São Paulo.
Por que o senhor pediu demissão?
O São Paulo tem uma estrutura que precisa ser mudada, existem barreiras que precisam ser removidas, mas não consegui fazer essa mudança e estava me sentindo infeliz por causa disso. Agora me sinto aliviado. Com esse movimento, espero ajudar a quebrar essa estrutura.
Que barreiras são essas?
São coisas estruturais, uma resistência natural a mudanças.
Na semana passada, o senhor me disse que era contra o clube contratar jogadores antes de resolver a situação do Maicon. Mas as negociações continuaram. Sua decisão passa por aí?
Passa. Não falo nome de jogador porque o problema não é o jogador, não sou contra quem foi contratado. O problema é que acredito que não podemos gastar antes de resolver a situação do Maicon e saber quanto dinheiro teremos disponível. Ninguém me consultou sobre contratação. Procurei o Gustavo (Vieira de Oliveira, executivo de futebol do clube), perguntei se estávamos contratando alguém, e ele me disse que tinha negociação em andamento, no valor de US$ 2 milhões. Falei para parar imediatamente. Para não fazer nada até resolver com o Maicon (o empréstimo do zagueiro termina no final de junho e o São Paulo tenta sua aquisição junto ao Porto). Quinze dias depois ele me informou que tinha feito a contratação. (Nota do blog, o jogador em questão é o peruano Cueva).
Esse foi o problema central, então?
Não só isso. As questões são estruturais. Como você pode gerir o futebol sem estar em compasso com a gestão financeira do clube? Como pode contratar, sem consultar o diretor, gastar o que o diretor acredita que o clube não pode gastar? Tem a questão da integração com a base. Fui chamado pelo presidente para fazer essa integração. Mas ela não estava acontecendo como deveria. Não existe conversa entre os treinadores. Temos uma estrutura arcaica que espero ajudar a mudar com minha decisão.
É difícil trabalhar numa estrutura em que o executivo da área tem tanta autonomia?
É difícil.
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