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Preconceito e desrespeito marcam era Pato no Corinthians

Perrone

26/07/2016 14h38

Aposta, preconceito, desleixo, desrespeito, repulsa e mágoa.  Essas seis palavras podem ser usadas como "tags" para definir a passagem de Alexandre Pato pelo Corinthians. E também como pistas para decifrar como o atacante se transformou num fracasso retumbante no clube da Zona Leste paulistana.

Encerrada nesta terça com ao anúncio da transferência do atleta para o Villarreal, a aventura de Pato no Parque São Jorge começou com uma aposta de 15 milhões de euros da diretoria. Poderia dar certo, pois potencial ele tem, mas ter retorno num investimento tão alto em quem havia provado tão pouco era arriscado.

Logo no começo, o atacante enfrentou o preconceito de parte da torcida, que classificava seu estilo de vida requintado e badalado como incompatível com o alvinegro de origem humilde. Parte dos colegas de time também sentia o mesmo, além de rotular o novo companheiro como alienado, pouco comprometido.

Pato teve bons momentos, até seu desleixo ao bater pênalti contra Dida, lendário catador de penais, ajudar a eliminar seu time da Copa do Brasil de 2013, contra o Grêmio, e fazer a Fiel sentir repulsa por ele.

O mesmo sentimento embalou companheiros de equipe e dirigentes.

Pato partiu temporariamente para o São Paulo, carregando a mágoa que mais tarde o levou ao desrespeito de comemorar nas redes sociais vitória de seu time provisório sobre a equipe que pagava metade de seus salários e o havia recuperado fisicamente.

O ato impensado, apagado após gerar polêmica, aumentou do lado branco e preto a repulsa e a mágoa.

No começo de 2016, depois de finda a morada provisória de Pato no Morumbi,  as duas partes fugiram de um novo encontro, escolhendo Londres, casa do Chelsea, como refúgio longínquo.

Pura enrolção. Em junho, mais carregados de mágoa e exalando rejeição um pelo outro, Corinthians e Pato foram forçados a se encontrar.

E tome mais desrespeito e repulsa. Pato não trocou sua foto com a camisa do Chelsea no Twitter. Nem mencionou nas redes sociais  o nome do clube para o qual voltou. As atitudes foram vistas por parte da torcida como falta de respeito e prova de que ele repele o alvinegro com a mesma intensidade que a Fiel o rejeita.

Mas dessa vez o desrespeito atingiu quem tinha nada a ver com o divórcio: Cristóvão. Ou o técnico não parece ter feito papel de tolo ao marcar a estreia de Pato para o jogo com o Figueirense e depois ter que se explicar? Hoje não parece patética a foto do compenetrado treinador dando orientações para Pato? A diretoria deveria ter preservado seu técnico. Foi desrespeitosa com o comandante da equipe, já que nunca parou de procurar um clube para o atacante.

Agora, depois de tantos sentimentos ruins, os dois lados saboreiam o alívio de não terem mais que se aturar.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.