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Venda de Gabigol gera novo atrito entre Barcelona e Santos

Perrone

03/09/2016 06h00

A venda do atacante Gabriel para a Internazionale de Milão colocou novamente Santos e Barcelona em rota de colisão. O problema acontece porque o clube espanhol entende que não foi respeitado de maneira adequada o seu direito de igualar propostas por Gabigol.

Na última segunda-feira, um dia depois de o jogador se despedir da torcida na Vila Belmiro após ter retornado da Itália, onde fez exames médicos a pedido da Inter, o Barcelona recebeu um comunicado do Santos sobre a negociação. A mensagem dizia que a equipe italiana havia feito uma oferta que totalizava gastos de 29,9 milhões de euros, mas não detalhava como esses valores seriam empregados. No documento, o clube paulista também pediu uma resposta com urgência pois na quarta-feira seguinte se encerraria a janela de transferências para a Europa.

O Barça enviou sua resposta um dia depois, na terça, afirmando que para decidir se exerceria sua preferência precisaria conhecer detalhes da proposta italiana para saber, por exemplo, exatamente quanto custariam os direitos econômicos do jogador. Os espanhóis também lembraram que por contratato tinham três dias após serem comunicados da oferta para tomar uma decisão. Sendo assim, sugeriram que o Santos não realizasse a venda para não atropelar seu direito. A janela se fecharia um dia antes de acabar o prazo para a resposta catalã.

Ao blog, Modesto Roma Júnior, presidente do Santos, afirmou que a proposta oficial da Inter só chegou no último domingo, por isso o Barcelona foi avisado na segunda-feira.

Questionado sobre qual o motivo para Gabigol ter viajado na quinta, 25 de agosto, para a Itália, se o Santos ainda não tinha em mãos a oferta oficial da Inter, Modesto disse que "as propostas oficiais só chegam depois que o jogador faz o exame médico."

 Irritada com a situação, a diretoria do Barcelona estuda entrar na Justiça para pedir de volta os 3,2 milhões de euros que pagou quando comprou Neymar para ter a prioridade em futuras negociações envolvendo Gabigol, Victor Andrade e Giva. Os catalães também analisam se podem pedir uma indenização. Victor e Giva deixaram o Santos sem despertar o interesse do Barça. Para engrossar sua argumentação, o Barcelona pretende usar o fato de Gabigol ter viajado para Itália e posado segurando uma camisa da Inter e ter se despedido da torcida santista antes de os espanhóis serem avisados.

"O Barcelona que faça o que quiser. Não se esqueça que eles entenderam que não deviam pagar para o Santos 2 milhões de euros previstos em contrato", disse Modesto. O dirigente se referiu ao bônus que seu clube tinha direito pela indicação de Neymar entre os três jogadores que disputariam o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa.

Em dezembro do ano passado, o Barça enviou carta ao Santos dizendo que não pagaria essa quantia porque a atual diretoria santista contesta na Fifa os valores pagos pelos espanhóis na negociação por Neymar. Assim, entendiam que o time brasileiro não poderia reivindicar um valor previsto em acordo que ele não considera legítimo.

Ao responder sobre a situação de Gabigol, a direção do Barcelona aproveitou para cutucar o Santos se dizendo satisfeita com o fato de o clube brasileiro reconhecer o contrato firmado na venda de Neymar, uma vez que admitiu a preferência dada ao Barça em relação a Gabriel.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.