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Opinião: Temer e dirigentes do Inter precisam aprender com colombianos

Perrone

03/12/2016 06h00

 Uma competição para medir quem é mais sem noção entre dirigentes do Inter e Michel Temer provavelmente terminaria empatada. Impressionante como eles conseguiram dar vexame e fazer os brasileiros passarem vergonha num momento em que só precisavam ser solidários.

Não tem cabimento o presidente da República resolver entregar medalhas aos familiares das vítimas da tragédia aérea no aeroporto de Chapecó adiando ainda mais o momento de os parentes começarem a velar os corpos de seus entes queridos. A tal homenagem poderia ficar para depois. Alguém lá quer saber de medalha numa hora dessas? Os parentes querem sossego para chorar suas perdas, não holofotes e pompas.

E se o presidente queria mostrar solidariedade, deveria ir até a Arena Condá, não provocar o deslocamento dessa gente sofrida. Quem vai se preocupar com vaia nessas horas?

Michel calculou tão mal seu gesto quanto o presidente do Inter, Vitório Píffero, ao pedir que o Brasileirão não termine e afirmando que, nesse caso, o rebaixamento de seu time, hoje na zona de descenso, não seria uma boa solução. Antes dele, Fernando Carvalho, outro cartola do clube, disse que a equipe vive sua tragédia particular. Sério, falou que rebaixamento é trágico, depois do que aconteceu na Colômbia.

Como passou pela cabeça da dupla que o discurso patético poderia colar? Como eles não pensaram na vergonha que passariam? Assim como Temer, não foram realmente sensíveis com as famílias das vítimas. Os três personagens não tiveram bom senso para se tocar de que nada é mais importante do que o respeito aos familiares das vítimas da verdadeira tragédia. E de que qualquer indício de que alguém quer tirar proveito da situação causa repulsa.

Após protagonizarem atitudes tão absurdas, parece que o trio não viu o exemplo dado pela torcida do Atlético Nacional. Se viu, não entendeu a simplicidade e a força da mensagem enviada por quem seria rival da Chapecoense. Eles nada aprenderam.

Atualização

Depois de anunciar que homenagearia as famílias no aeroporto e de ser criticado pelo pai de uma das vítimas, Temer foi ao velório na Arena Condá. O presidente alegou que não confirmou sua ida antes por questões de segurança.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.