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Por que Rosenberg topa voltar ao Corinthians com grupo com o qual rompeu?

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10/01/2017 09h53

Roberto de Andrade já deixou claro que nāo aceitará a sugestão de Andrés Sanchez para recolocar na diretoria do Corinthians o ex-vice-presidente Luis Paulo Rosenberg.

Porém, uma pergunta ficou no ar: por que o economista que rompeu com o grupo Renovação e Transparência a ponto de se desligar do Conselho Deliberativo e do quadro de sócios, além de apoiar a oposição na última eleição, aceitaria voltar a trabalhar com o mesmo "partido" político?

A resposta está na proposta feita cerca de 15 dias atrás por Sanchez (os dois nunca deixaram de se falar apesar das divergências).

Rosenberg voltaria a comandar o marketing corintiano e a arena do clube. Os principais atrativos para o ex-dirigente foram a chance de fazer vingar o projeto que ele idealizou para o estádio, ter a oportunidade de peitar a Odebrecht e devolver ao clube a estratégia de marketing que vende o Corinthians como gigante mundial. A internacionalizaçāo e as grandes contratações voltariam.

"O projeto que o Andrés apresentou é lindo. Uma uniāo de grandes corintianos para devolver ao clube a grandeza dele. Se eu fosse chamado pelo Roberto, nāo teria problemas em trabalhar com um presidente que disse que eu nāo pisaria no Parque Sāo Jorge enquanto ele estiver no cargo. Seria um chamado do presidente, nāo pessoal. Sem golpe, ele estaria reconhecendo a necessidade de mudar. Mas se o presidente nāo quer, paciência", afirmou Rosenberg.

Apesar do rompimento com o grupo de Andrés, Rosenberg vinha sendo consultado sobre a arena por conhecer detalhes do projeto. Sempre se incomodou com a passividade que enxergava no clube em relação à Odebrecht, acusada de não fazer todas as obras previstas no contrato. A construtora nega a irregularidade.

"O Aníbal (Coutinho, arquiteto responsável pelo projeto da arena) está há muito tempo avisando sobre o que tem de errado lá e não é ouvido. Não pode ter medo de brigar com a Odebrecht. Eu não tenho", afirmou Rosenberg.

O arquiteto e o ex-vice sāo amigos de longa data. Se retornasse à diretoria, Rosenberg poderia dar atenção aos alertas dele por causa de uma mudança importante prevista por Andrés. Os trabalhos do clube na arena seriam comandados pela diretoria de marketing, nāo por uma equipe independente.

Assim, de māos dadas com Coutinho, Rosenberg teria a chance de provar que o projeto idealizado por ele para a arrecadação de receitas no estádio é viável, ao contrário do que dizem seus crïticos no clube.

"Se a gente soubesse que o país enfrentaria três anos de crise, algumas coisas seriam diferentes. Mesmo assim, a arena é muito viável, mas precisa ser tocada com o profissionalismo de um shopping center, por exemplo", argumenta Rosenberg.

Na outra ponta do plano apresentado por Andrés ao ex-dirigente está o futebol. O blog apurou que a ideia é contar com a parceria de empresários que se dāo bem com o deputado federal, como Juliano Bertolucci e Kia Joorabchian, para montar um time competitivo em 2017, apesar da crise financeira enfrentada pelo clube.

Idealizador do projeto que permitiu a vinda de Ronaldo, Rosenberg se animou com a ousadia do novo plano.

"O Corinthians se afastou da globalização, da China, do que deu certo em 2008. Só faz sentido a minha volta se houver uma mudança geral com a vontade do presidente", afirmou Rosenberg.

Porém, a estratégia bolada pelo ex-presidente recebe críticas de parte considerável da oposição. O argumento é que se trata de uma tentativa de salvar o grupo de Andrés na eleição de 2018, nāo de salvar o Corinthians.

Depois de se desvincular do clube durante a gestāo de Mário Gobbi, Rosenberg teria que comprar um novo tîtulo de sócio para ser ser diretor.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.