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Drogba e chefe de segurança viram munição para impeachment de Andrade

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07/02/2017 09h10

Conselheiros que defendem o impeachment de Roberto de Andrade no Corinthians contaram com dois fatos inusitados para engrossar a lista de apoiadores do movimento: a confusa negociação com Drogba e o envio do chefe de segurança do clube para o sorteio dos jogos da Copa Sul-Americana no Paraguai.

Os episódios aumentaram o número de conselheiros e sócios insatisfeitos com o presidente alvinegro, conforme apurou o blog.

Ambos os casos são apontados por críticos do cartola como demonstração  de desleixo de Andrade na forma de administrar o clube.

Em relação ao atacante marfinense, a principal queixa é sobre ele ter assinado proposta enviada ao empresário Franck Assunção, que não é o agente direto de Drogba, mas teria autorização para apresentar ofertas de clubes sul-americanos ao jogador. Ele teve uma polêmica e rápida passagem pela diretoria de Roberto Dinamite no Vasco que é usada como prova da suposta falta de cuidado de Andrade na operação.

Além disso há queixas no Parque porque conselheiros entendem que o contato com Drogba poderia ter sido feito sem intermediários, por meio de Willian, ex-jogador do Corinthians e que foi companheiro do marfinense no Chelsea.

Durante a negociação, o brasileiro jantou com Drogba e disse a amigos no clube do Parque São Jorge que o ex-colega afirmava não ter falado com ninguém do Corinthians. Só depois de a novela se arrastar ele viria a conversar com Andrade.

Também existem críticas ao presidente por ter permitido que um ex-funcionário, Gustavo Herbetta, ex-gerente de marketing, e um ex-conselheiro, o empresário André Campoy, tocassem as negociações. Os dois se afastaram da operação quando Andrade entrou no circuito.

 Alguns conselheiros que relutavam em aceitar o impeachment se voltaram contra Andrade só depois de saberem o nome do representante corintiano no sorteio da Sul-Americana. O presidente escolheu Waldir Rapello Dutra, conhecido como coronel Dutra, chefe de segurança do clube.

A reclamação é de que Andrade não teria se preocupado em enviar um representante com voz ativa no departamento de futebol para defender os interesses do Corinthians e nem com a imagem da instituição. A tese é de que na impossibilidade de um dirigente do futebol viajar outro diretor deveria ter sido destacado para a missão.

O blog enviou e-mails desde o último dia 3 para a assessoria de Andrade preguntando qual o motivo que o levou a enviar o chefe da segurança para o sorteio e sua opinião sobre esse fato e a frustrada contratação de Drogba aumentarem o número de apoiadores do impeachment, mas não recebeu resposta até a publicação deste post.

Os defensores do afastamento calculam que com os últimos episódios já existem pelo menos 140 conselheiros dispostos a votar pela punição ao dirigente. Esse é o número mínimo que eles acreditam ser necessário para derrubar Andrade.

Por sua vez, a situação não revela quantos apoiadores acredita ter, mas calcula que seja preciso obter entre 175 e 180 votos para garantir a vitória na disputa. O Corinthians têm cerca de 344 conselheiros só que não é possível prever quantos comparecerão à reunião sobre o impeachment, que deve acontecer ainda em fevereiro.

A Comissão de Ética que analisou o caso já concluiu seu parecer, mas não tornou pública a decisão. Mesmo que ela não indique o afastamento de Andrade, os conselheiros podem aprovar o impeachment.

A punição ao presidente foi pedida por um grupo de conselheiros que entende que ele feriu o estatuto supostamente provocando prejuízos à imagem do clube por ter assinado a ata de uma assembleia do fundo que administra a arena corintiana e o contrato de locação do estacionamento do estádio com datas nos papéis anteriores à sua posse. Ele alega que colocou sua firma no documento depois de eleito e que houve apenas erro nas datas. Diz ainda que o episódio não provocou dano material ou à imagem alvinegra.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.