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Opinião: as virtudes do técnico corintiano

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26/02/2017 09h55

Fabio Carille ainda tem muito trabalho a fazer com Corinthians, mas já é possível listar virtudes do treinador que justificam a oportunidade tardiamente dada pela diretoria ao ex-auxiliar.

Se por um lado ainda falta padrão de jogo, por outro o treinador tem demonstrado conseguir bons resultados variando o esquema tático. A versatilidade é importante para superar obstáculos, como desfalques.

Outro acerto do técnico até aqui tem sido a aposta nos jovens revelados em casa, quase sempre preteridos por jogadores com pouco lastro vindo de outras equipes nos últimos anos no alvinegro. Na vitória por 3 a 2 sobre o Mirassol, seis atletas que saíram da base, sem contar Jô, estiveram em campo: Pedro Henrique, Arana, Léo Principe, Maycon, Léo Jabá e Marciel.

Podemos colocar na lista também a solidez defensiva, desenhada desde o início da pré-temporada. Apesar dos dois gols levados no sábado de Carnaval, o Corinthians ainda tem a segunda melhor defesa da competição, vazada quatro vezes, uma a mais que a do Palmeiras.

Para alcançar a liderança geral do Paulista com 15 pontos foi fundamental para o alvinegro, algo básico, mas que muito treinador não faz: escalar o melhor em cada posição. Foi assim, por exemplo, que Maycon conquistou status de titular. Da mesma forma, Romero e Kazim ganharam mais espaço entre os 11. Carille demonstrou até aqui não ser um técnico teimoso. Tanto que logo sacou Jô após más atuações. E talvez tenha descoberto a melhor forma de usar o atacante ao decidir por sua entrada no final do jogo contra o Palmeiras, quando ele fez o gol da vitória. Nesse cenário, jogadores que vinham dando sono na Fiel, como Marquinhos Gabriel e Giovanni Augusto, terão de mudar radicalmente para voltar a jogar.

No clássico, Carille também foi capaz de colocar a dose certa de motivação no time e fazer com que os jogadores demonstrassem uma rara atenção durante partida tão intensa. A equipe quase não vacilou em um jogo duro.

Por tudo isso, o jovem técnico vai ganhando oxigênio para ter fôlego quando os momentos difíceis chegarem. No início do ano, a torcida tinha zero de paciência com ele. Agora já há um pouco.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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