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Opinião: contratar Bruno é comprar uma grande crise

Perrone

12/03/2017 09h01

Se eu fosse dirigente jamais contrataria Bruno. Não por pré-julgamento ou preconceito. Nem chegaria a analisar se o goleiro é ou não culpado por matar Eliza Samudio, o que não seria minha atribuição. Tampouco tentaria avaliar o caráter dele e sua possível influência no grupo.

Eu barraria a contratação antes de pensar nesses aspectos. A ideia seria descartada ao tentar responder a duas perguntas iniciais: que tipo de prejuízo a presença do ex-flamenguista pode trazer ao clube? Sua condição técnica trará benefício que compense esse eventual mal?

A resposta para primeira é clara. Contratar Bruno significa levar para o clube uma grande crise que não pertence a ele. Quando estiver em entrevistas coletivas por seu time, o arqueiro terá que responder a perguntas sobre a acusação de assassinato. Seus colegas e treinador também.

Mas a parte pior é a certeza de que o goleiro será muito vaiado e xingado pelos torcedores rivais. Essa pressão pode gerar nervosismo e causar erros durante as partidas. E não só dele. Há a chance de companheiros serem afetados também. E a equipe do Boa corre o risco de ser muito hostilizada por onde passar. A repercussão nas redes sociais em relação à contratação indica isso.

A segunda indagação também não é difícil de se responder. Bruno é agora uma incógnita como goleiro. Ficou muito tempo parado e não se sabe o estrago que isso pode ter feito. Vai precisar de tempo pra tentar se recuperar. Logo não é seguro que ele traga benefício técnico para o Boa capaz de compensar todos os efeitos colaterais. Melhor optar por um jogador em atividade de quem se conhece o real potencial e que não venha com um pacote .

E há ainda a situação jurídica do reforço da equipe de Varginha. Bruno recorre à condenação em liberdade. Ou seja, pode voltar a ser preso, o que significa o risco de ter de abandonar o elenco de uma hora para outra.

Por tudo isso, não daria nem tempo de eu pensar na colocação do momento entre os que defendem o reforço escolhido pelo Boa: todo mundo merece uma segunda chance. Esse não é o ponto.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.