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Opinião: guerra na base reflete omissão de presidente do Corinthians

Perrone

02/04/2017 10h44

A guerra deflagrada pelo poder nas categorias de base do Corinthians reflete, na opinião deste blogueiro, a omissão de Roberto de Andrade. Não tivesse o presidente do clube permitido que Andrés Sanchez indicasse apadrinhados para diversos setores do clube sem critérios técnicos a situação não teria chegado a tal ponto.

Já foram diversas trocas no comando do departamento de formação de atletas, a maioria motivada por pressões internas que têm tudo a ver com a influência de Sanchez no Corinthians.

Quando Andrade tenta retomar o poder em alguma área colocando gente de sua confiança há conflito com o pessoal de Andrés.

Foi o que aconteceu agora com a nomeação de Carlos Nujud, o Nei, para dirigir o futebol amador. Ele afastou Coelho do cargo de técnico do Sub-20, categoria vital para o time profissional, por considerar o ex-jogador inexperiente. Só que o ex-lateral é pupilo de Andrés desde o tempo em que era atleta. Só por isso vai seguir como auxiliar na comissão técnica, o que gera críticas no departamento. Assim, o tiroteio interno segue forte. Não há paz e estabilidade para se trabalhar.

Se o diretor da base é alinhado com o presidente, seu adjunto, Jacinto Antonio Ribeiro, o Jaça, é unha e carne com Andrés, além de ser considerado por conselheiros influentes mais poderoso do que seu superior. Ou seja, mais uma vez a Andrade não tem domínio completo da situação.

Enfraquecido no poder enquanto esteve ameaçado de sofrer impeachment, Roberto fez acordos com diferentes alas políticas e tem até oposicionistas na diretoria.

O clube é um eterno barril de pólvora. O presidente costuma assistir às batalhas de binóculos, de seu gabinete na loja de carros da qual tem participação societária. O dirigente não demonstra o empenho necessário para arrumar a casa.

Não é a primeira vez que se sente a ausência de Andrade em situações críticas. Foi assim quando demorou para se manifestar sobre a tentativa de contratar Drogba, enquanto o diretor de futebol, Flávio Adauto, minava a negociação, por exemplo.

A impressão que se tem é que o presidente apenas torce para o tempo passar e deixar os pepinos para seu sucessor.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.