Por que é arriscado para o Corinthians um acordo com a Odebrecht agora?
Como mostrou o UOL Esporte, a Odebrecht pretende chegar a um acordo com o Corinthians para deixar o fundo responsável pela arena do clube. Porém, uma série de fatores torna essa saída arriscada para o alvinegro.
O principal deles é o fato de ainda não ter sido entregue o relatório da auditoria feita pelo escritório Cláudio Cunha Engenharia Consultiva. Ela analisa se a Odebrecht cumpriu o contrato na íntegra dos pontos de vista de engenharia e arquitetura.
Pelo esboço do acordo apresentado verbalmente pela construtora a dirigentes alvinegros, a Odebrecht perdoaria parte da dívida do Corinthians e sairia com um prejuízo de R$ 200 milhões, pelas contas dela. Esse é o valor aproximado que outro relatório, produzido pelo escritório de advocacia Molina & Reis, aponta como equivalente ao que a Odebrecht teria deixado de fazer ou que precisa ser refeito no estádio. Só que o documento foi produzido sem os dados do trabalho comandado por Cláudio Cunha, que não ficou pronto a tempo.
Ou seja, com os dois relatórios o resultado pode ser de um valor superior aos R$ 200 milhões. Assim, se aceitar o acordo antes de a conclusão da segunda auditoria ser entregue, o Corinthians corre o risco de não poder cobrar a construtora por montantes superiores aos R$ 200 milhões. A Odebrecht afirma ter cumprido o contrato na íntegra.
Se forem comprovadas as centenas de milhões de reais equivalentes a trabalhos não feitos ou insatisfatórios, a construtora estaria perdoando uma dívida que de fato não existe.
Outra questão é a Lava Jato. Antes do fim das investigações, o clube não pode medir o tamanho de eventuais prejuízos que teve com supostas operações ilegais envolvendo sua arena e seus dirigentes, se elas forem comprovadas. Planilhas do setor de propinas da construtora ligam o estádio a pagamentos irregulares para pessoas ainda não identificadas. Além disso, em sua deleção, Marcelo Odebrecht citou doação por meio de caixa 2 para a campanha a deputado de Andrés Sanchez, segundo a Folha de S.Paulo. O ex-presidente corintiano nega o recebimento de dinheiro ilegal.
Assim, conselheiros do clube defendem que nenhum acordo seja assinado com a Odebrecht antes do fim das investigações da Lava Jato.
Outro ponto que gera incertezas para o clube é o fato de a Odebrecht, pela proposta inicial, deixar de ser a garantidora do empréstimo feito pela Caixa junto ao BNDES para financiar a construção. Nesse caso, ela retiraria as garantias que deu ao banco e o clube teria que encontrar outra forma de garantir o pagamento. Só que a Caixa e outros bancos não enxergam com bons olhos garantias dadas por clubes, tanto que a Odebrecht precisou dar as suas.
Por fim, conselheiros corintianos também se incomodam com a possibilidade de a Odebrecht sair do negócio como boa moça, supostamente perdoando parte do débito corintiano, apesar da suspeitas do clube de que ela não cumpriu em 100% o combinado.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.