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Capacidade de surpreender é marca do novo campeão paulista

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07/05/2017 18h07

Na conquista do Campeonato Paulista de 2017, sacramentada neste domingo (7) diante da Ponte Preta, o Corinthians deixa como uma de suas principais marcas a capacidade de surpreender.

A demora em contratar e a chegada de reforços modestos fez com que o alvinegro fosse rotulado pela imprensa como a quarta força do Estado. Para surpresa geral, aos poucos o time evoluiu e venceu a disputa de maneira incontestável.

Surpreendeu também o rendimento de Pablo e Jô. O zagueiro estava sem espaço no Bordeaux. Nada em seu histórico recente recomendava a contratação. Acabou sendo fundamental para a solidez defensiva corintiana, um dos pontos altos do campeão.

A situação do atacante era semelhante. Nem jogar ele jogava para ser avaliado. A lógica apontava que ele estava mais para repetir o fracasso de André do que o sucesso de Vágner Love, outros atacantes que chegaram sob suspeita. Jô teve dificuldades no início, mas correu, suou para se movimentar como pedia Fábio Carille, marcou gols em todos os clássicos e reconquistou a Fiel. Ponto para a diretoria corintiana, que fez uma aposta arriscada, contestada, mas acertou.

Outra surpresa foi a maneira avassaladora como o Corinthians abriu os mata-matas fora de casa. Com 2 a 0 sobre o São Paulo e 3 a 0 em cima da Ponte, resolveu as disputas logo no primeiro confronto. Pelo estilo de jogo alvinegro, eficiente nos contra-ataques, era de se esperar um bom desempenho fora de casa. Mas apostar em vantagens tão grandes seria mostrar desapego ao dinheiro.

Surpreendente também, ao menos para este blogueiro, foi a obediência tática dos jogadores em relação ao novato Carille. Dava para imaginar um bom relacionamento dele com os atletas, por conhecer o grupo bem graças ao fato de ter sido auxiliar de outros treinadores por um bom tempo. Porém, é comum boleiro desconfiar de "professor" novo. Até contestações são normais. Não aconteceu com Carille. O elenco comprou seu estilo de jogo, seguiu à risca e chegou ao título.

Só não foi surpreendente o desempenho de Romero. Como sempre, compensou o que falta de habilidade com suor, correu por todos os setores do campo, atacou e defendeu. De novo foi importante para o time sem ser badalado. O paraguaio é o melhor retrato do o estilo desse time campeão, que prioriza o conjunto, a disciplina tática e que surpreende.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.