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Opinião: Cuca foi no mínimo deselegante com Baptista

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06/05/2017 10h25

Ao decidir voltar para o Palmeiras apenas cinco meses após deixar o clube, Cuca foi no mínimo deselegante com Eduardo Baptista. Na opinião deste blogueiro seu modo de agir beirou a falta de ética. Isso porque a partir do momento em que o retorno foi sacramentado, aumentou a certeza de que seu "fantasma" foi determinante para queda do ex-treinador alviverde.

Conselheiros pressionavam a direção pela demissão de Baptista alegando, entre outros motivos, que Cuca estava disposto a voltar. Tivemos a confirmação de que estava mesmo. Não era papo furado de corneteiro.

Ainda que o atual campeão brasileiro não tenha conversado com a diretoria palmeirense antes da queda de seu sucessor, acabou fazendo muito mal a quem estava no comando do time.

Após deixar o Palmeiras, Cuca deveria ter tido a elegância de colaborar para que o novo escolhido tivesse paz para trabalhar. Seria elegante mostrar publicamente desapego ao cargo e no momento de fritura de Baptista se posicionar firmemente no sentido de não ter interesse em retornar ao alviverde. Claro que não da boca pra fora. Cuca deveria ter seguido seu plano original de ficar afastado do futebol por mais tempo porque do jeito como as coisas aconteceram é possível imaginar que ele sempre planejou um breve retorno.

Apesar de não ter feito o time render o que deveria, Baptista enfrentou algo próximo à covardia. Trabalhou desde o primeiro dia com a faca em seu pescoço. Em nome da gentileza, Cuca poderia ter ajudado a afastar o punhal de seu sucessor.

Na minha opinião, a imagem do novo velho técnico palmeirense foi arranhada no episódio. Fica a figura de um profissional que com sua postura pressionou um colega empregado e na primeira oportunidade agarrou o emprego de volta. Acredito que seria mais ético recusar o convite do Palmeiras em respeito a Baptista. Afinal, o plano não era ficar mais tempo parado?

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.