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Aliados criticam Leco por multa paga a Ceni e escolha de executivos

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20/07/2017 08h42

Com José Eduardo Martins, do UOL em São Paulo

A multa de R$ 5 milhões paga para rescindir o contrato do técnico Rogério Ceni e a nomeação de conselheiros e associado para ocupar cargos na diretoria executiva (remunerados) fazem o presidente do São Paulo ser criticado até por importantes aliados. Os descontentes admitem a insatisfação com as medidas, porém negam ter rompido com Carlos Augusto de Barros e Silva.

A situação aumenta a pressão política sobre Leco no momento em que o presidente tem como foco afastar o time da zona de rebaixamento do Brasileiro.

Os descontentes não se manifestaram publicamente e pelo menos parte deles fez suas críticas diretamente para o presidente. O cartola ouviu que ao escolher membros do conselho para a direção executiva o dirigente não seguiu o espírito do novo estatuto que é de nomear profissionais experientes e não vinculados ao ambiente político tricolor. A medida visa aumentar a eficiência administrativa e diminuir a influência política na gestão são-paulina.

Leco escutou ainda que deveria ter contratado uma empresa especializada em buscar executivos no mercado para preencher os cargos. O blog apurou que um dos argumentos usados pelo presidente para rebater os críticos é de que não encontraria no mercado executivos dispostos a aceitar os mesmo salários pagos a conselheiros.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Leco respondeu que todos os diretores executivos foram referendados pelo Conselho de Administração do São Paulo.

Os conselheiros nomeados são Rodrigo Gaspar, diretor executivo administrativo, Elias Barquete Albarello, diretor executivo financeiro, e Eduardo Rebouças, diretor executivo de infraestrutura. Vinícius Pinotti, que comanda o futebol, não é membro do conselho, mas foi um importante colaborador da campanha de Leco enquanto atuava no marketing do clube.

Rogério

A multa paga a Ceni gera descontentamento até entre gente da atual diretoria, que discorda da decisão de Leco e dos antigos responsáveis pelo departamento de futebol.  Cobrado por conselheiros, Pinotti tem explicado que ele não participou da confecção do contrato do treinador, pois ainda não estava no cargo. Participaram da negociação, Marco Aurélio Cunha (sem negociar valores), José Jacobson Neto e José Alexandre Médicis, além de Leco.

A queixa central é de que o São Paulo não tinha o costume de colocar multas rescisórias nos acordos com treinadores e que foi imprudência aceitar uma quantia alta para um técnico iniciante.

O blog apurou que a antiga diretoria chegou a contestar o valor sugerido por Rogério, mas no final aceitou. Considerou o pedido de multa um instrumento normal exigido pelos treinadores diante da instabilidade normal na profissão. Os dirigentes acreditavam que o clube estava protegido com os critérios de desempenho. Porém, a multa só poderia deixar de ser paga por baixo rendimento no final da temporada. Havia na diretoria quem acreditasse que Rogério poderia decolar e atrair o interesse de clubes estrangeiros. O técnico arcaria com a multa se pedisse demissão.

Também por meio da assessoria de imprensa, Leco afirmou que esse assunto será tratado internamente.

Nesta quinta, ele deverá ser indagado por membros do Conselho de Administração sobre a decisão de aceitar a inclusão da multa rescisória no contrato de Ceni. Uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, pedida principalmente por membros da oposição, também terá pedido de explicações sobre esse tema e a respeito dos critérios usados para a indicação de diretores executivos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.