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Opositor aponta gestão temerária no SPFC em 'caso U2' e pode ser punido

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28/08/2017 10h22

Em sua conta no Facebook, Newton Luiz Ferreira, o Newton do Chapéu, candidato de oposição derrotado à presidência do São Paulo, pediu que dois cartolas atuais e um ex-dirigente sejam investigados no Conselho Deliberativo por gestão temerária. Por conta de sua atitude, ele virou alvo de pedido de abertura de procedimento disciplinar interno que pode culminar com uma suspensão do quadro de sócios superior a 270 dias.

O ato temerário, segundo Newton, foi a contratação de Alan Cimerman, demitido do cargo de gerente de marketing sob a acusação de venda de ingressos e camarotes inexistentes para shows no Morumbi. Ele foi demitido por justa causa, mas nega as irregularidades, que seriam relacionadas às apresentações de U2 e Brno Mars no estádio são-paulino.

A tese é de que como a empresa de Cimerman já era acusada de não pagar fornecedores das cerimônias de abertura e encerramento da Copa de 2014, ele não deveria ter sido contratado pelo São Paulo. O ex-gerente diz que o orçamento do COL (Comitê Organizador Local) estourou por causa de mudanças de última hora no programa e afirma que também levou calote do órgão.

A representação contra o opositor foi protocolada pelo conselheiro José Francisco Manssur, vice-presidente de comunicação e marketing do clube na época em que Cimerman foi contratado.

"A ficha corrida do Alan Cimerman era uma constatação cabal de que ele nunca deveria ter sido contratado pelo SPFC. O Leco, Manssur & Pinotti devem responder por gestão temerária", afirmou Newton em sua página do Facebook, citando também o presidente do clube e o atual diretor executivo de futebol, que na ocasião era diretor de marketing.

O opositor também afirma que o sócio Rui Branquinho divulgou ter sido Manssur o responsável pela contratação de Cimerman. O ex-vice nega ter indicado Cimerman e que Branquinho tenha feito tal afirmação.

Em sua representação contra Newton, protocolada no último dia 18, Manssur diz que foi difamado e teve sua honra atacada pelo opositor. "O único responsável pelos danos que intentou cometer teria sido, supostamente, o ex-funcionário (Cimerman), que aliás foi demitido por justa causa pela atual gestão do São Paulo", diz trecho do documento.

Pela avaliação inicial, o clube não teve prejuízo financeiro com o suposto esquema de venda ilegal de ingressos. Porém, pessoas e empresas que teriam comprado bilhetes e espaços em camarotes foram prejudicadas em pelo menos R$ 2 milhões nas contas do clube.

Para pedir punição a Newton, Manssur alega que ele feriu o artigo 10 do regimento interno do São Paulo. A regra citada prevê em sua letra "i" punição para sócios que veicularem expressões ofensivas ou desonrosas contra o clube ou membros de seus poderes em razão de suas atividades em qualquer meio de comunicação. A punição, após apuração e defesa do acusado, pode chegar a 270 dias e ser aumentada em 1/3 no caso de o infrator fazer parte de poderes do clube. É o caso de Newton, membro do Conselho Deliberativo.

Manssur protocolou outra representação semelhante citando postagem do opositor questionando as qualidades morais e éticas do ex-vice para assumir a função de produzir estudo sobre a separação das atividades sociais e do futebol do São Paulo.

Em nota endereçada aos sócios do clube na qual afirmou ter conhecimento do pedido de Manssur, Newton confirmou que entende ter havido gestão temerária e disse que seu grupo vai pedir uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo ouvir explicações da diretoria sobre o caso envolvendo Cimerman.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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