Topo

Perrone

Opinião: desempenho não justifica demissão de Levir, mas técnico deu brecha

Perrone

29/10/2017 08h06

Apesar de o Santos ter jogado muito mal na derrota por 2 a 1 para o São Paulo neste sábado, a situação da equipe no Brasileirão não justifica a demissão de Levir Culpi. É desnecessário trocar a comissão técnica de uma equipe que está na terceira posição a seis pontos do líder. Parece gesto de cartolas pressionados por torcedores e conselheiros.

Porém, o treinador deu brecha para sua demissão independentemente da posição na tabela. Levir poderia ter sido maleável na questão das folgas do elenco. Por mais convicção que ele tenha na necessidade de descanso dos jogadores, se os patrões estavam reclamando, ele poderia ter cedido. Bastava uma conversa franca com a diretoria expondo os riscos para os atletas em caso de mudança de programação e deixar claro para os cartolas que faria a alteração a pedido deles.

Mas o treinador manteve-se irredutível e ainda cutucou os dirigentes ao dizer neste sábado que se eles não quisessem repouso para o time poderiam trazer outra comissão técnica. Acabou demitido.

A decisão de manter a reapresentação do elenco para a próxima terça mesmo depois de ter sido criticado no clube por dar dois dias de folga na semana passada, sinaliza que Levir não estava preocupado com o risco de perder o emprego. A leitura é de que ele entende que se for para fazer concessões, prefere deixar o cargo.

O saldo da dividida com os cartolas é a degola com 13 vitórias, 12 empates e 5 cinco derrotas. Se foi bom ou ruim para o Santos a curto prazo, os próximos resultados dirão.  A certeza é de que o episódio mostra falta de jogo de cintura por parte do técnico e do presidente Modesto Roma Júnior para lidar com a situação. Carência incompatível com o nível de profissionalismo exigido pelo futebol.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.