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Opinião: planejamento falho, sombra de 2016 e Corinthians complicaram Cuca

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13/10/2017 14h42

O trabalho de Cuca em seu retorno ao Palmeiras foi prejudicado por falhas de planejamento, por contratações de peso, pela sombra do desempenho da equipe comandada por ele no ano passado e pela liderança folgada do Corinthians no Brasileirão.

A montagem da equipe foi feita para agradar Eduardo Baptista, o que resultou num elenco com jogadores que não satisfizeram Cuca em sua volta. Casos simbolizados por Borja e Felipe Melo. Ambos chegaram como estrelas e o fato de não estarem entre os preferidos do treinador gerou turbulência no vestiário. Basta lembrar o episódio que culminou com o afastamento de Felipe Melo.

Como foi Cuca que decidiu deixar o alviverde no final de 2016 por assuntos particulares, ele também tem uma ponta de participação no planejamento falho do clube. Sua permanência representaria uma reciclagem mais natural do elenco.

Apesar dos problemas enfrentados, o rendimento atual do Palmeiras não justifica troca de técnico quase no final do ano. Ser eliminado da Libertadores pelo Barcelona de Guayaquil nas oitavas de final, nos pênaltis, não chega a ser um vexame. Afinal, o time equatoriano está nas semifinais do torneio.

Ocupar a quinta posição no Brasileirão também está longe de ser motivo para troca de treinador. Mas pesa o fato de o principal rival palmeirense ser o líder com 14 pontos de vantagem sobre o time comandado por Cuca. Essa diferença abissal conquistada pelo Corinthians faz a campanha do Palmeiras parecer pior do que é. E a cobrança sobre o técnico aumenta quando se coloca na análise os gastos com reforços de peso, como Borja.

O quadro desfavorável para Cuca se fecha com a permanente comparação entre o trabalho dele na conquista do Brasileirão de 2016, com um time menos badalado que o atual.

Apesar da pressão gerada pela soma desses elementos, na opinião deste blogueiro, o melhor teria sido segurar Cuca. O cara que era considerado o melhor técnico treinando clubes brasileiros na última temporada não piorou tanto assim para explicar a sua saída. O clube diz que o rompimento foi em comum acordo entre as partes. Então, tanto a diretoria quanto o treinador deveriam insistir mais na parceria. A continuidade representaria para o Palmeiras não começar do zero em 2018 e ter um técnico competente, que conhece bem o elenco, assim como os bastidores da agremiação.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.