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O que está em jogo no clássico paulista além do título brasileiro

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04/11/2017 06h00

Uma vitória neste domingo sobre o Palmeiras, atual segundo colocado, deixará o líder Corinthians com oito pontos de vantagem sobre o rival faltando seis rodadas para terminar o Brasileirão. Já a vitória palmeirense, dará ao alviverde seis partidas para descontar dois pontos de desvantagem. Porém, além do principal, a disputa pelo título, há mais em jogo. Veja abaixo.

Futuro de treinadores

No Palmeiras, a manutenção do ex-assistente Alberto Valentim ainda sofre resistência interna por conta de sua pouca experiência no cargo. Perder o jogo e tornar mais difícil a virada histórica na tabela deve fazer crescer o entendimento de que ele ainda não está pronto para ocupar o posto.

Do outro lado, Fábio Carille teve a sua renovação de contrato por dois anos com opção de mais um anunciada pela diretoria. No entanto, o fraco desempenho no segundo do turno do Brasileiro fez o treinador passar a ser criticado por conselheiros. Principalmente pela insistência com jogadores considerados pelos críticos em má fase técnica e física. Casos de Jadson, que treinou na reserva nesta semana, Rodriguinho e Jadson. É improvável que um fracasso no clássico provoque a demissão do comandante corintiano. Mas o resultado negativo tem potencial para provocar pedidos de mudança na comissão técnica para 2018.

Status de atacantes

Em seu retorno ao Corinthians, Jô ganhou a fama de artilheiro dos clássicos. Desde o início do ano foram seis gols contra Santos, Palmeiras e São Paulo. Porém, no Brasileiro, ele só marcou diante dos santistas no primeiro turno. Passou em branco no jogo de volta, nas duas partidas com os tricolores e no primeiro turno no Allianz Parque. Agora tem sua última chance de carimbar um dos rivais estaduais no campeonato.

No Palmeiras, Borja chegou com status de matador após se destacar pelo Atlético Nacional, da Colômbia. Só fez seis gols no Brasileirão. Chegou a amargar 17 partidas sem marcar. Ganhou novo fôlego depois da saída do técnico Cuca. Anotou três gols nos últimos três jogos. Em Itaquera, ele tem a chance de consolidar a reação.

Política

O Parque São Jorge já ferve por conta das eleições presidenciais marcadas para fevereiro de  2018. As conquistas recentes no futebol e a arrasadora campanha corintiana no primeiro turno são usadas para embalar a campanha da situação. Andrés Sanchez deve ser lançado como candidato. Estancar os maus resultados e se aproximar de mais uma taça é fundamental para não abalar o discurso do Renovação e Transparência, grupo do ex-presidente.

Conselheiros palmeirenses que não se cansam de criticar Alexandre Mattos já estão com as cornetas prontas para o caso de derrota no clássico. Eles alegam, principalmente, que o desempenho do time ficou muito abaixo do que se espera do caro elenco alviverde. O planejamento de Mattos, com duas trocas de treinador após o início da temporada ,também é criticado. Um fracasso no domingo diminuiria as chances de o clube se recuperar com um título importante em 2017.

Paz

Para os corintianos, vencer o rival e aumentar as chances de ser campeão também significa acalmar a Fiel. Já houve reunião de torcidas organizadas com jogadores e pichação no muro do Parque São Jorge. Sinais de que a situação pode ficar incontrolável em caso de derrota no clássico.

Os palmeirenses vivem um momento diferente. A torcida recuperou o entusiasmo com a melhora da equipe desde que Valentim substituiu Cuca. A manutenção dessa relação tranquila está em jogo. É imprevisível a reação de parte da torcida em caso de decepção em relação a tentar tomar a taça do maior inimigo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.