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Pablo temia calote e eleição. Corinthians viu pedido de privilégio

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26/11/2017 08h37

A falta de acerto entre Pablo e Corinthians passa pelo medo do jogador de não receber em dia e até de ter o acordo questionado pelo próximo presidente alvinegro. Do lado da diretoria, o receio maior era desagradar o restante do elenco dando ao zagueiro condições exclusivas.

Alegando o atraso no pagamento de luvas a vários jogadores do time em 2017 e a possibilidade de o presidente eleito em fevereiro discordar do acerto, o empresário do zagueiro, Fernando César, queria o pagamento de uma parte das luvas à vista a diluição do restante nos 48 meses de salário registrado em carteira. Normalmente, os clubes atrasam menos o pagamento anotado na carteira de trabalho do que luvas e direitos de imagem porque podem perder o jogador na Justiça em caso de três meses sem pagar em dia.

A oferta corintiana previa a quitação parcelada das luvas e da comissão para o agente. Pelo modelo, os vencimentos do jogador aumentariam mensalmente ao longo dos quatro anos de compromisso.

Para rejeitar aos pedidos do estafe de Pablo, a diretoria alegou que não poderia dar tratamento diferenciado a ele. O argumento é de que nenhum jogador do elenco tem condições especiais de pagamento para se prevenir contra eventuais atrasos ou mudança política no clube. O mesmo vale para comissão de empresários.

Pela versão, da diretoria, além das condições de pagamento, Pablo queria ganhar o que nenhum jogador recebe no clube. A alegação destoa do que o estafe do jogador argumentou no final da negociação, afirmando que aceitou a quantia oferecida pelos alvinegros, discordando apenas da forma de pagamento.

Pablo está emprestado até o fim da temporada pelo Bordeaux, que autorizou o Corinthians a negociar um novo contrato com ele. Para o compromisso ter valor, o time brasileiro teria que pagar 3 milhões de euros (cerca de R$ 11,5 milhões) aos franceses.

A prioridade dada ao alvinegro para ficar com o beque termina no próximo dia 30. Porém, o clube se antecipou ao anunciar neste sábado que encerrou a negociação pela renovação. O desfecho deixou o atleta magoado por ser excluído do jogo deste domingo com o Atlético-MG, que terá a entrega da taça de campeão brasileiro. Do outro lado, a diretoria ficou decepcionada com o zagueiro por ele ter aceitado a maneira como seu empresário conduziu as conversas.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.