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Opinião: eleição mostra que Corinthians é maior adversário dele mesmo

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11/02/2018 10h07

Os problemas envolvendo a eleição presidencial corintiana ilustram de maneira exemplar como muitas vezes em sua história o Corinthians teve ele mesmo como seu principal adversário. Interesses pessoais ou de grupos políticos são colocados acima do que é melhor para o clube, que sangra.

As lambanças na eleição geraram pelo menos seis ações na Justiça, além de uma representação no Ministério Público e outra na receita federal. O alvinegro sai do processo eleitoral com a imagem abalada e até sem saber se o resultado anunciado na votação corresponde à realidade. O clima de desconfiança em nada ajuda uma instituição que busca patrocinadores e tem uma dívida superior a R$ 1 bilhão pela construção de seu estádio para pagar.

Os problemas começaram com a injustificável decisão da diretoria de dar desconto de 50% para os associados inadimplentes regularizarem suas situações. A promoção foi cancelada pela comissão eleitoral com o argumento de que o estatuto veta qualquer tipo de anistia a partir de 12 meses antes da eleição. A correria de candidatos para colocar associados em dia foi vista pela comissão como tentativa de compra de votos. Mais um tiro na imagem corintiana.

O mau cheiro aumentou com o envolvimento do empresário Carlos Leite no episódio. Como revelou o blog, recibo de devolução de dinheiro indica que ele enviou R$ 200 mil para o clube quitar taxas de sócios inadimplentes. A comissão eleitoral enviou a papelada da operação para Ministério Público e Receita Federal.

O golpe de misericórdia veio com as suspeitas de que irregularidades no sistema de votação podem ter adulterado o resultado do pleito. Paulo Garcia acionou na Justiça a Telemeeting Brasil, responsável pelas urnas eletrônicas alegando irregularidades. A empresa nega a possibilidade de ter havido manipulação do resultado.

Segundo colocado na eleição, Garcia não deve ser condenado pelo corintiano por ter recolocado o clube num noticiário indesejado. Ele está certo em buscar a Justiça se acredita ter sido prejudicado. Errados estão todos os que contribuíram para o lamaçal que cobriu a eleição. O dono da Kalunga tem sua parcela de culpa por ter financiado o pagamento de taxas para sócios inadimplentes.

O conjunto da obra eleitoral mostra que ninguém prejudica mais o Corinthians do que diretores, conselheiros e sócios que contribuem para fazer o clube passar vergonha. Nem o mais maldoso dos palmeirenses seria tão eficiente na missão de fazer mal ao alvinegro.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.