Topo

Perrone

Brasileirão começa com voo em jato de Leila Pereira para 14 conselheiros

Perrone

18/04/2018 04h00

Para 14 sortudos conselheiros do Palmeiras o Brasileirão começou com direito a acompanhar o time fora de casa viajando de jato particular e sem pagar pela mordomia. O pacote teve ainda uma refeição leve no hotel da delegação alviverde no Rio, encontro com o presidente do clube, Maurício Galiotte, e ida para o estádio em van do estafe palmeirense. Os felizardos foram convidados por Leila Pereira para assistirem ao empate em um gol com o Botafogo, na última segunda (16).

Os convites da patrocinadora do clube a colegas de conselho deliberativo para seguirem o time com estilo refinado se tornaram rotineiros. E são vistos por parte dos aliados do ex-presidente Mustafá Contursi como uma estratégia para angariar apoio político.

Porém, cinco dos participantes do "bate e volta" ouvidos pela reportagem afirmaram que não se falou de política durante a viagem. Isso num momento em que pelo menos dois assuntos fervem no conselho. Um é a mudança estatutária que pode incluir aumento no mandato do presidente de dois para três anos. O outro é o novo formato do contrato entre Crefisa e Palmeiras, que é contestado pelo conselho de orientação fiscal.

Antes, o clube só precisava devolver para a patrocinadora a receita que arrecadasse com a revenda de atletas bancados por ela. Em caso de prejuízo, ele seria só da empresa. O lucro ficaria todo com o Palmeiras. Mas após cobrança da Receita Federal, o acordo foi alterado. Em qualquer situação, o Palmeiras precisa devolver o dinheiro. Assim, se um jogador ficar sem contrato e sair de graça, o alviverde tem que cobrir o rombo. O conselho fiscal quer outra solução por entender que essa é arriscada para o clube. Já a diretoria não vê grandes riscos. Calcula que se um jogador sair gratuitamente, a venda de outro deve compensar o prejuízo.

Apesar de o tema ser palpitante, ele não foi discutido durante o passeio ao Rio. É o que asseguram os conselheiros Antônio Carlos Corcione, Antônio Henrique Silva, Edis Caberlin, Manoel Dantas Pinheiro Filho e Luciano Henrique Silva.

Porém, integrantes da exclusiva comitiva explicam a motivação para o passeio de diferentes formas.

"Eu tenho enorme alegria em poder convidar conselheiros que são companheiros para ver o Palmeiras jogar em partidas que vou com meu avião em jogos aqui no Brasil e fora, pela Libertadores. E também os convido para ir ao nosso camarote", disse Leila por meio de sua assessoria de imprensa. Sem fazer segredo, ela postou foto do grupo na aeronave numa rede social.

"Ela nos convidou para a gente dar um apoio ao time e à diretoria no início do Brasileiro. Pra mostrarmos que estamos juntos", declarou Antônio Henrique. Ele estava acompanhado de dois filhos, também conselheiros.

Para Corcione, a empresária não gosta de viajar com a aeronave vazia para acompanhar o Palmeiras. "Ela sempre nos diz que é muito triste usar o avião dela e viajar sozinha. Deve ser mesmo", afirmou o conselheiro.

"A Leila é poderosa, tem um avião com 15 lugares, não precisa explicar porque está convidando. Ela me convidou, e eu fui", disparou Caberlin, que conta ser antigo diretor de sinuca do clube. Ele completou 71 anos no dia da viagem. "Foi até um presente de aniversário pra mim. Mas não muda nada no meu conceito político", explicou o conselheiro que se define como quem nunca fez oposição a presidentes da agremiação.

Dos cinco conselheiros que conversaram com a reportagem, apenas Manoel Dantas afirmou que foi procurado antes por Galiotte para falar sobre a viagem. "Ele (presidente) me ligou e disse: 'Dantas, quer ir pro Rio ver o jogo? A Leila tá montando um grupo pra ir no avião dela e talvez ela te ligue'. Ela me ligou e eu aceitei. Fui convidado e viajei com o (Arnaldo) Tirone, o Paulo (Nobre, ambos ex-presidentes). Não tem nada demais. Não se falou de política, de estatuto, de nada. Ela convidou mais de 14 pessoas, eu não sou de panela nenhuma", falou Dantas.

A turma montada por Leila saiu de São Paulo entre 14h e 15h, lanchou no mesmo hotel em que estava a equipe, sem encontrar os jogadores mas com a presença de Galiotte.

O retorno foi na correria, logo depois da partida. Não deu tempo de jantar na Cidade Maravilhosa. "Mas ela (Leila) serviu um lanche caprichado no avião", contou Antônio Henrique. Ele não entregou qual foi o cardápio oferecido na aeronave, apelidada jocosamente por um adversário político da empresária de "Aero Estatuto".

Com Danilo Lavieri, do UOL Esporte, em São Paulo

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.