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Eleição e revés nos bastidores. A pressão sobre Galiotte e Andrés na final

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08/04/2018 09h03

O palmeirense Maurício Galiotte abre seu último ano do atual mandato como presidente do clube tentando o título paulista neste domingo. Ao mesmo tempo, o corintiano Andrés Sanchez marca seu retorno à presidência com a chance de ser campeão logo na primeira competição. Apesar dos momentos distintos, levantar a taça no Allianz Parque tem semelhante peso político para ambos.

No caso do cartola alviverde, colocar as mãos no troféu tem a ver com votos. A próxima eleição no clube está prevista para novembro e provavelmente o presidente será candidato à reeleição. A votação deve ocorrer antes da final da Libertadores, principal objetivo palmeirense. O campeão brasileiro dificilmente estará definido até o dia do pleito. Ou seja, o Estadual representa uma das poucas chances de Galiotte de conquistar um título antes da eleição. Outra oportunidade é a Copa do Brasil.

Parte dos conselheiros, a maioria ligada a Mustafá Contursi, defendem uma retirada em massa de apoio ao presidente caso ele seja candidato e mantenha Alexandre Mattos como executivo de futebol do clube. Basicamente eles se queixam que o funcionário tem muita autonomia e provoca gastos incompatíveis com as conquistas em campo, apesar do caneco do Brasileirão em 2016.

Nesse cenário, vencer o Paulista em cima do maior rival, daria musculatura para Mattos, aliviando a pressão sobre Galiotte em termos de seus planos para um eventual novo mandato.

Do lado preto e branco da decisão, Andrés sofre críticas de conselheiros por supostamente ter mostrado fraqueza nos bastidores diante do Palmeiras. O caso principal é o recuo em relação a realizar treino aberto no sábado de manhã, após pedido do Ministério Público e da Polícia Militar. Só os palmeirenses cumpriram o protocolo de aviso às autoridades de segurança pública, e ganharam apoio delas para manter sua programação. Pressionado pela ameaça de o MP entrar com uma ação para impedir a presença dos torcedores nos dois treinos e de até de tentar a destituição dos presidentes em caso de confronto entre torcedores, Andrés mudou o trabalho da equipe para a última sexta-feira.

Além disso, o próprio cartola corintiano afirmou que já havia cedido demais em benefício do Palmeiras durante o campeonato ao dizer que não recuaria em relação ao treino aberto.

Depois da mudança, o dirigente foi criticado em redes sociais por torcedores, acostumados com posturas firmes do cartola em disputas com rivais. A conquista do título em território verde praticamente passaria uma borracha no episódio.

A conquista ainda amenizaria a pressão de conselheiros e torcedores pelo fato de a diretoria não ter conseguido um substituto para o atacante Jô. Principalmente por ter no currículo a contratação de Ronaldo, a vitória de Sanchez gerou a expectativa entre torcedores de que pelo menos um nome de peso para o ataque viria. Mas as contratações foram modestas, seguindo a limitação financeira do clube. A falta de um centroavante é o principal ponto fraco do time.

Nesse contexto, o fato de a decisão, nos dois casos, ser contra o maior rival, potencializa tanto a paz como a turbulência que Galiotte e Andrés vão enfrentar a partir do fim da tarde deste domingo, dependendo do placar da final.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.