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Empresa que brigou com Santos por Neymar se aproxima na gestão de Peres

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04/05/2018 04h00

De parceira do Santos nos tempos de Marcelo Teixeira, a DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, se transformou em adversária do clube a partir da gestão de Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, o Laor. Agora, com José Carlos Peres na cadeira mais almejada da Vila Belmiro, a empresa volta a se aproximar do alvinegro praiano.

Roberto Moreno, executivo da DIS, confirmou ao blog o novo momento na relação entre as partes. "O Peres já nos fez uma visita. Tem tudo para dar certo. Infelizmente, fomos afastados na gestão do Laor sem nenhuma justificativa porque sempre somos a favor da instituição Santos, independentemente da gestão", afirmou Moreno.

A reaproximação passa pela discussão sobre eventual acordo para encerrar pendências entre as partes. "Tenho um bom relacionamento com a atual gestão, mas existem várias pendências judiciais com o Santos. André, Neymar, Wesley, Emerson Palmieri…", escreveu o executivo em mensagem ao blog.

Segundo ele, é difícil, mas não impossível, que a empresa volte a ser parceira do clube em alguns negócios até antes de solucionar esses casos. Vale lembrar que agora a Fifa só permite que clubes tenham direitos econômicos de jogadores. No entanto, a DIS representa atletas, parte considerável nas categorias de base de diferentes times.

Peres já sinalizou que é a favor de encerrar as brigas com a empresa. Durante a campanha eleitoral, ele adotou discurso pacifista em relação a atritos gerados durante outras administrações. Isso inclui a turbulência com Neymar e seu pai.

No entanto, por meio da assessoria de imprensa do Santos, o presidente evitou falar especificamente sobre a DIS. Também não respondeu se visitou o escritório da empresa recentemente.

O departamento de comunicação santista enviou a seguinte nota sobre o assunto: "Peres tem buscado conversar com todas as pessoas físicas e jurídicas no sentido de equalizar a vida financeira do clube. Empresas e empresários que trouxerem bons negócios para o clube e não apenas às próprias empresas e empresários serão ouvidos. Se em algum momento, contudo, auditoria ou Justiça apontarem que qualquer uma dessas empresas ou empresários lesaram o clube, deixarão de ser ouvidos pela atual gestão para novas negociações."

A principal batalha entre DIS e Santos estourou por conta da venda de Neymar para o Barcelona, em 2013. A empresa crê que as partes fizeram a negociação de uma forma que pagassem menos do que ela entendia ter direito a receber por sua participação nos direitos econômicos do atacante. Inconformada, acionou a Justiça espanhola.  Na ocasião, Laor presidia o Santos.

Divórcio

A DIS vivia em harmonia com o alvinegro durante a gestão de Marcelo Teixeira. Porém, quando Luís Álvaro assumiu à presidência, passou a questionar os valores pagos pela empresa pelos direitos econômicos de jovens promessas do clube e tentou desfazer os acordos. A partir daí a relação só piorou.

Laor, que renunciou alegando problemas de saúde, e DIS, saíram de cena na Vila Belmiro. Em seus lugares entraram Odílio Rodrigues, ex-vice-presidente, e Doyen Sports. O fundo de investimentos trouxe Leandro Damião para o clube no final de 2013. Na ocasião, o alvinegro se comprometeu a pagar cerca de R$ 42 milhões para a parceira até o fim do contrato de cinco anos do jogador, que não vingou na Vila.

Após a saída de Odílio, foi a vez de a Doyen virar inimiga. Modesto Roma Júnior, seu sucessor na presidência, não aceitou as vendas de parte dos direitos econômicos de Gabigol, Geuvânio e Daniel Guedes. Ele alegou que, de acordo com o estatuto, Odílio não poderia ter feito as negociações no final de seu mandato, em 2014. O Santos chegou a mandar o caso para um centro de arbitragem. Antes de deixar a presidência, porém, Modesto entrou em acordo com a Doyen sobre as vendas dessas fatias e também para equacionar a dívida referente a Damião.

Ao mesmo tempo em que se afastou da Doyen, Modesto estreitou os laços do clube com o empresário Luiz Taveira. Ele participou de várias negociações durante a gestão do ex-presidente. Sua constante presença nos assuntos do clube incomodou conselheiros.

Agora, o mesmo vento que sopra a favor da DIS, afasta Taveira da Vila Belmiro. A direção atual não o enxerga com bons olhos.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.