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Pedidos de impeachment de Peres pressionam ex-presidente do Santos

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19/07/2018 04h00

Por tabela, os pedidos de impeachment do presidente do Santos, José Carlos Peres, pressionam o ex-mandatário do clube Marcelo Teixeira. Hoje na presidência do Conselho Deliberativo, ele é cobrado por pelo menos parte dos membros do órgão para dar celeridade ao processo. A justificativa é de que enquanto o caso não for resolvido o clube será prejudicado porque a diretoria terá que se dividir entre gerir a agremiação e se defender. Há o receio de que o departamento de futebol seja afetado.

Dois requerimentos que pedem o afastamento já foram apreciados pela comissão de inquérito e sindicância e entregues à mesa diretora do conselho, que agora deve marcar uma reunião extraordinária para que os pareceres sejam votados pelos conselheiros. Uma reunião ordinária está prevista para o dia 14 de agosto. Nela não serão votados os pareceres sobre o impeachment. O fato de ainda não existir previsão sobre quando acontecerá o encontro específico para discutir o futuro de Peres, gera a pressão de sobre Teixeira.

"São centenas de conselheiros, todos falam disso o tempo inteiro. A demora para resolver isso atrapalha a vida do clube. Ele (Teixeira) tem que tratar isso da maneira mais célere possível, adiar o que é ordinário e resolver essa questão prioritariamente. Não sei qual é a posição dele, mas acredito que vai ser isenta. E ser célere é ter isenção nesse caso", disse o conselheiro Esmeraldo Soares Taquínio de Campos Neto. Ele é autor de um dos pedidos de impeachment.

O presidente do conselho confirmou que os pareceres sobre os requerimentos relativos ao possível afastamento foram recebidos pela direção do conselho e que não há previsão de quando haverá encontro do órgão para tratar do tema. Ele não disse se ambos são favoráveis à destituição do presidente, como asseguram conselheiros alvinegros.

"Ainda não analisamos (o segundo parecer), foi protocolado após a reunião da mesa (diretora). Não há previsão de pauta para o Conselho Deliberativo já que estão definidos os assuntos prioritários para a próxima reunião, que será no dia 14 de agosto", disse Teixeira ao blog.

Para Tarquínio, mesmo sem estar na pauta, o tema do afastamento de Peres vai dominar a reunião ordinária. "O que você acha que vão falar quando chegar a hora dos assuntos de interesse geral do clube? Vão falar do impeachment, eu vou falar, todo mundo vai falar. Atrasar essa discussão não vai diminuir a fervura, isso vai é jogar álcool no carvão", disse o conselheiro. Ele presidiu o conselho entre 2000 e 2001, quando Teixeira ocupava o cargo máximo do clube.

Por sua vez, Teixeira argumenta que está seguindo os trâmites regulares. "Nossos procedimentos são coerentes e seguem um rito normal. Para você organizar uma reunião do Conselho Deliberativo deve ter antecedência. As pautas já estão definidas, inclusive com assuntos prioritários, como o novo parecer do balanço de 2017. Não funcionará pressão porque somos imparciais e não queremos privilegiar ninguém, a não ser os interesses do clube e as bases estatutárias", declarou o ex-presidente santista.

As normas estatutárias do Santos não estipulam um prazo para ele marcar a sessão após receber os pareceres. As recomendações da comissão serão votadas pelos conselheiros, mas o afastamento de Peres ainda teria que passar pelo voto dos associados.

No pedido de impeachment que encabeçou, Tarquínio alega, principalmente, que Peres feriu o estatuto por ter assumido a presidência do clube e de seu Comitê de Gestão enquanto era sócio da Saga Talent Sports & Marketing, empresa criada para, entre outras atividades, gerir a carreira de jogadores e intermediar negociações de atletas. As regras estatutárias do Santos vetam que membros do comitê sejam sócios de empresas que atuem com jogadores.

Peres nega que tenha cometido irregularidades. Ele sustenta que a Saga Talent, apesar de aberta até o blog revelar a participação do dirigente nela, não exercia atividades.

Outro pedido de impeachment elaborado pelo conselheiro Alexandre Santos e  Silva também cita a ligação com a empresa de marketing esportivo como suposta irregularidade cometida por Peres.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.