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Ex-empresário de confiança do Santos intermediou até acordo com Doyen

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10/08/2018 04h00

Considerado empresário de confiança do Santos durante a gestão de Modesto Roma Júnior, Luiz Taveira participou até do acordo com a Doyen Sports pelo qual o clube pagou quantias milionárias a outros intermediários.

Alvo de questionamentos de conselheiros santistas por conta de comissões recebidas durante o mandato de Modesto, o empresário revelou sua participação na operação com a ex-parceira santista em uma rede social.

"Fiz acordos para o Santos extremamente vantajosos, tais como Doyen e Montillo", escreveu ele. Ao blog, o agente afirmou que nada recebeu pela intermediação.

"O Taveira fez o primeiro contato. Como estávamos discutindo o caso numa câmara de arbitragem, não podíamos procurar a Doyen. Muita gente tentou esse contato inicial e não conseguiu. O Taveira conhecia alguém lá e fez, mas não pagamos comissão pra ele", disse Modesto.

Porém, como mostrou o blog em março, o Santos topou pagar 400 mil euros (cerca de R$ 1,7 milhão em valores atuais) para Augusto Ricardo Cabral Cajueiro intermediar o mesmo acordo. Os detalhes da transação com a Doyen estão registrados em relatório do Conselho Fiscal do clube.

A justificativa foi semelhante à explicação sobre a atuação de Taveira: Cajueiro fez a intermediação entre as partes até que o trato fosse definido.

"Acontece que o Ricardo (Cajueiro) é a pessoa que conhecia o Taveira. Ele procurou o Taveira, fez o primeiro contato e iniciou o processo, por isso ganhou comissão", disse Modesto ao ser indagado sobre outra pessoa ter recebido por trabalho semelhante ao atribuído a Taveira.

Também de acordo com dados do Conselho Fiscal, o escritório de advocacia Bonassa Bucker recebeu 2.750.000 euros (aproximadamente R$ 12 milhões) por sua atuação pelo Santos na disputa com a Doyen. De acordo com Modesto, essa quantia se refere a honorários pelo trabalho em uma causa vencida contra a ex-parceira. Ainda segundo o dirigente, o valor foi descontado dos R$ 87,39 milhões que o clube aceitou pagar a Doyen, responsável por levar Leandro Damião à Vila Belmiro, e encerrar a briga.

O ex-presidente disse que, além dessa verba, o escritório de advocacia tem uma quantia a receber do Santos pela participação no acordo.

Procurado pelo blog para falar sobre sua participação no acordo entre as partes, Taveira disse: "nada recebi. Um amigo assumiu a Doyen Global e me chamou. Daí ajudei a fazer 90% do acordo, graciosamente. Gerou uma economia para o Santos de 55% do valor total cobrado pela Doyen".

O empresário afirmou que o Santos custeou suas passagens e estadias em Barcelona, Madri e Londres.

"Meus ganhos eram e sempre foram com negociações de jogadores. E não foi só com a Doyen que fiz acordo de dívidas sem nada receber", concluiu Taveira.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.