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Vice diz que Leila faz o que quer no Palmeiras e (quase) todos aceitam

Perrone

16/08/2018 04h00

Em entrevista ao blog, Genaro Marino, um dos três vices do Palmeiras processados por Leila Pereira, presidente da Crefisa, afirmou que a patrocinadora e conselheira faz o que quer no clube com a aceitação de todos.

Ele lembrou, porém, que há um grupo de pelo menos 70 conselheiros que não concorda com a situação.

Marino também afirmou que a empresária não tem consciência do estatuto do clube e vê conflito de interesses no fato de ela resguardar os interesses de sua empresa enquanto é conselheira alviverde.

Procurada, por meio de sua assessoria de imprensa, Leila disse: "não tenho nada para responder para este senhor".

A empresária pede na Justiça R$ 100 mil de indenização de cada um dos três dirigentes. Os outros vices são Victor Fruges e José Carlos Tomaselli.

Leila entrou com a ação por conta de nota de repúdio escrita após entrevista na qual ela diz ao Blog do Ohata que deixará de patrocinar o Palmeiras se alguém que é contra o patrocínio assumir a presidência. Os vices acusaram a conselheira de coagir o clube e reforçaram críticas em outro comunicado divulgado nesta quarta.

Abaixo, leia as principais declarações de Marino ao blog.

Processo

"Não chegou a ser uma surpresa ela nos processar. Achei um pouco exagerado. Não pensamos em ofender a Leila quando escrevemos a carta. Pensamos em defender a instituição. Ela faz assim. É como ela quer ou reage desse jeito. Nós só quisemos mostrar pra ela que o clube tem regras, estatuto. Ela usou o poder financeiro e envolveu as pessoas, o presidente do Conselho Deliberativo (Seraphim Carlos Del Grande) para conseguir o que quer. O clube não funciona assim, tem regras. Faço parte da diretoria, tenho que seguir as regras. Ela chegou agora, acha que tudo é fashion, viagens, pizzas (em período de campanha para alterar o estatuto do Palmeiras a empresária convidou conselheiros para viajar em seu jato para acompanhar jogos do time e para jantares). Pra Leila funciona assim: ou você tá com ela, passeia de avião com ela (para assistir às partidas do equipe) ou é contra. Queria saber se ela está nos atacando porque fazemos parte dos dissidentes que ficaram do lado do Paulo Nobre (ex-presidente, desafeto da patrocinadora e rompido com Maurício Galiotte)."

Providências em relação ao processo

"Estou analisando ainda. Vou perguntar para o departamento jurídico do clube se ele vai se posicionar. Pra mim, ela está abrindo uma ação contra a entidade porque nós nos manifestamos como vice-presidentes. Não quero fazer ironia, mas ela diz que se ganhar o processo vai doar o dinheiro para o Palmeiras. Fico preocupado. Será que não vai transformar a doação em empréstimo depois?"

Mudanças no contrato de patrocínio

"Ela tinha um contrato de patrocínio (atrelado ao programa de sócio-torcedor) e mudou para empréstimo alegando que foi por causa da Receita Federal. A Leila não tem consciência do nosso estatuto, da nossa tradição. O estatuto diz que o presidente (Galiotte) não poderia assinar essas alterações sem falar com o COF. Sou responsável também, se houver prejuízo para o Palmeiras. Nesse caso, não pago porque estou alertando que foi feito de maneira inadequada (Galiotte e Leila negam irregularidades). Ela fez o que entendia ser melhor para a empresa dela. Só que é conselheira, tem que pensar nos interesses do clube. Existe um conflito aí" (nota do blog: ao Conselho de Orientação e Fiscalização do Palmeiras a empresária assegurou que a agremiação não terá prejuízo)."

Patrocínio

"Ninguém é insano de ser contra o patrocínio (da Crefisa), mas as regras existem. Ela faz o que quer, e isso é aceito por todo mundo. Não atacamos a Leila ou o patrocínio na nossa carta. Defendemos o Palmeiras. Só dissemos: 'não coloque a espada na nossa cabeça, temos nossas regras, nossa tradição."'

Insatisfação

"Hoje, existem insatisfeitos com a maneira como as coisas estão sendo feitas no Palmeiras em diversas alas políticas. Não contei, mas pelo menos uns 70 conselheiros pensam como nós."

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.