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Opinião: Santos falhou feio em 'caso Sánchez'. Mas Conmebol errou mais

Perrone

28/08/2018 11h31

O Santos foi extremamente amador ao permitir a escalação de Carlos Sánchez contra o Independiente pelo primeiro jogo das oitavas de final da Libertadores estando suspenso.

O clube deveria, como alega a Conmebol, entrar em contato com a entidade para ter segurança jurídica sobre a situação.

Faltou cuidado. Foi um desleixo que aumenta a avalanche de problemas enfrentados pela direção santista e consolida o atual momento do clube como um dos piores de sua história.

O presidente José Carlos Peres encara dois pedidos de impeachment. Uma série de denúncias assola a sua administração e as anteriores.

E agora o alvinegro tem que lidar com a punição da Conmebol que transformou o empate sem gols na Argentina em vitória do Independiente por 3 a 0.

Mesmo com tudo isso, na opinião deste blogueiro, a Conmebol é mais culpada pela lambança do que o Santos.

Como de praxe, um representante da entidade verificou a escalação santista antes do jogo e se calou diante da presença de Sánchez. Caberia a ele saber da suspensão e impedir a presença do jogador. Em seguida, o clube brasileiro mereceria alguma punição administrativa pela tentativa de utilizar um atleta suspenso. Mas nada que alterasse o resultado em campo.

Isso teria evitado todo o imbróglio que pode se arrastar nos tribunais da vida a partir de um recurso santista.

Infelizmente, é comum em muitas competições a entidade responsável só se atentar para usos irregulares de jogadores depois de o estrago feito.

Sendo assim, essa não é a maior pisada de bola da Conmebol no caso. O problema maior é ter deixado o julgamento para esta terça, mesmo dia do segundo confronto entre as equipes.

Ou seja, além de precisar ganhar por 3 a 0 para levar a disputa para os pênaltis ou por uma vantagem de quatro gols para se classificar diretamente, o Santos não terá tempo de preparar uma estratégia para missão tão difícil.

A confederação sul-americana tinha a obrigação de ser mais célere. O julgamento deveria ter ocorrido já na última sexta para Cuca ter um tempo mínimo de preparo tático e emocional de seu time.

O julgamento na data do jogo só aumenta a sensação de que a Libertadores é mesmo um torneio de segunda linha. Uma competição marcada pela repetição de falhas estruturais, episódios bizarros e pouca evolução.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.