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Acusações de ameaça de morte e "barracos". A crise política no Santos

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14/09/2018 04h00

A guerra política no Santos transformou a Vila Belmiro em um palco de cenas insólitas, barracos e até acusações de ameaças de morte.

Tanto os apoiadores dos pedidos de impeachment do presidente José Carlos Peres como os defensores do dirigente relatam serem vítimas de atos de hostilidade.

Mais de um boletim de ocorrência já foi registrado por conta da crise política.

Entre os casos de polícia está uma acusação feita pelo conselheiro Márcio Antônio dos Santos Rosas contra Marcos Maturana, gerente das categorias de base do clube.

Rosas alega que no jogo contra o Sport, na Vila, foi hostilizado por três homens desconhecidos. Na saída, após a vitória santista por 3 a o, segundo seu relato, Maturana o ameaçou de morte.

"Ele disse que me mataria se eu criticasse a base do Santos ou o chamasse de padeiro", afirmou o conselheiro. O boletim de ocorrência foi registrado no dia 6 de setembro.

Maturana, dono de padaria, nega que tenha feito a ameaça. "Pela minha educação, jamais faria isso. Só disse que quando ele quiser falar alguma coisa de mim fale pessoalmente. Ele escreveu (em rede social) que sou padeirinho distraído. Não é só comigo, ele tem o costume de ofender as pessoas", declarou o gerente.

Ele afirmou desconhecer o boletim de ocorrência registrado por seu desafeto. Por sua vez, Rosas declarou que também acionou Maturana, conselheiro licenciado, na Justiça.

Rosas disse ainda que por conta do clima violento no clube já foi duas vezes para a Vila com dois seguranças, tendo gasto R$ 600 em cada oportunidade.

Peres também acabou envolvido em um "barraco" na saída da sede do Santos na noite em que seu impeachment foi aprovado pelo conselho deliberativo (agora os sócios decidirão se referendam o afastamento).

A cena de fazer inveja em diretor de novela das nove aconteceu quando um ex-funcionário do clube, demitido pelo cartola, se jogou em cima do carro do presidente aos berros. "Tu foi pilantra comigo (sic). Você vai engolir esse crachá. Você foi safado comigo, viu, Peres", berrava o ex-funcionário, diante de excitadas câmeras de celulares.

O presidente já havia registrado um boletim de ocorrência por ameaças atribuídas ao mesmo homem, que foi seu aliado na campanha eleitoral.

As trocas de acusações dos dois lados continuaram depois da votação no conselho na última segunda. A partir de então, o cenário tragicômico ficou completo com pesado tiroteio entre Peres e seu vice, Orlando Rollo, que assumirá o cargo em caso de afastamento definitivo do ex-aliado.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.