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As dúvidas da polícia no assalto à Arena Corinthians

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06/09/2018 04h00

O caso do assalto à Arena Corinthians no último domingo (2), depois do empate entre o time da casa e o Atlético-MG por 1 a 1, ainda tem algumas dúvidas sem que os investigadores consigam achar respostas. Ladrões levaram o dinheiro do movimento das lanchonetes e pertences de sócios e funcionários da AR Fast Food do Brasil, empresa que explora as lojas de alimentação. Abaixo, veja o que a polícia ainda tenta esclarecer sobre o caso, quatro dias depois do ocorrido. A investigação é feita pelo 65º DP (Artur Alvim).

Quem são os suspeitos?

A polícia sabe que foram três os assaltantes que entraram na arena e renderam funcionários e sócios da AR Foods do Brasil. Mesmo com as imagens das câmeras do estádio não foi possível identificar o trio.

Os investigadores usam como uma das pistas o fato de um deles, branco, mancar devido a um problema na perna direita. Ela é curvada na altura da canela.

Além disso, ele tem uma cicatriz no rosto. Essas características são consideradas valiosas pelos policiais para descobrir o nome do suspeito e chegar aos demais.

Como os criminosos tinham tantas informações sobre a arena e a operação de fechamento das lanchonetes?

Chamou a atenção dos investigadores o fato de os ladrões demonstrarem profundo conhecimento sobre onde deveriam ir para imobilizar funcionários e encontrar o dinheiro.

Um dos fatos relavantes é eles terem ido diretamente para uma área conhecida como "pulmão", centro nervoso no encerramento das atividades das lanchonetes.

Esse conhecimento faz a polícia suspeitar de que os assaltantes tiveram a ajuda de um funcionário da empresa ou de um ex-empregado.

No entanto, nenhum dos criminosos foi reconhecido pelas vítimas como alguém que atua ou atuou no local. Os ladrões nem se preocuparam em esconder o rosto.

Qual foi o veículo usado na fuga?

Depois de tentarem fugir em um carro que seria de uma das vítimas ou da empresa, mas que parou por conta do alarme, o trio entrou em outro automóvel que passava pelo estádio.

A polícia não sabe se esse veículo foi roubado ou era de um comparsa que chegou para buscar os ladrões.

Os investigadores ainda aguardam imagens de câmeras da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Polícia Militar para identificar modelo e placa do carro usado na fuga, além de outras informações.

A seguir, leia sobre detalhes do assalto.

Prejuízo

Os ladrões levaram pelo menos o equivalente a cerca de R$ 170 mil. Nessa conta estão a receita com a comercialização de produtos em dinheiro durante o jogo, salários dos funcionários (já pagos, segundo o boletim de ocorrência) e o valor de objetos levados.

Só o relógio de um dos sócios da AR foi avaliado pelo dono em R$ 3,5 mil.

Todos no chão

Por volta das 2h, três homens renderam um funcionário das lanchonetes no setor leste do estádio. Em seguida, se aproximaram da área identificada como "pulmão". Lá renderam 20 pessoas.

Todos foram obrigados a deitar no chão e tiveram objetos como celulares, relógios e dinheiro (incluindo salário recebido) roubados.

Um dos assaltantes ficou vigiando o grupo. Os outros dois levaram um dos sócios da empresa até a tesouraria, do outro lado do estádio. Chegando lá, renderam um vigia que estava dormindo, de acordo com o boletim de ocorrência.

Em seguida, outro sócio da AR e mais oito pessoas foram rendidas. Além de deitarem no chão e terem seus pertences roubados, eles tiveram seus braços amarrados.

Os assaltantes pegaram o dinheiro do movimento das lanchonetes e deixaram o local.

Um dos grupos de vítimas ficou cerca de 20 minutos trancado numa sala e conseguiu sair após arrombar uma porta. O trio já tinha deixado a arena.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.