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Opinião: faixa de capitão deve ser usada em prol da seleção, não de Neymar

Perrone

09/09/2018 04h00

A faixa de capitão da seleção brasileira não é para ser dada, mas conquistada por quem a merece.

Não é para ajudar um jogador a evoluir, mas para ser usada por quem está mais preparado para exercer a função e contribuir com a equipe.

Muito menos é um instrumento de pressão. Pelo contrário, quem a ostenta deve se sentir confortável no papel a ser cumprido.

Por tudo isso, este blogueiro considera um erro Tite ter nomeado Neymar capitão da seleção.

O jogador do PSG deixou a Copa da Rússia sem desempenhar o papel de líder do time nacional dentro e fora de campo. Nem deu entrevista coletiva após a eliminação diante da Bélgica, algo básico para quem pretende liderar.

Então, o que Neymar fez para merecer a braçadeira desde a queda no Mundial? Nada, já que a partida contra os Estados Unidos, na última sexta (7), foi a primeira do novo ciclo.

Se a intenção é fazer com que o camisa 10 melhore no aspecto disciplinar e tenha uma postura mais adulta em campo, Tite corre o risco de ter um capitão ineficiente. Seria melhor deixar a faixa com quem já está pronto para cumprir a missão.

Como mostrou o UOL Esporte, a ideia da comissão técnica é fazer com que a pressão pela função contribua para o desenvolvimento de Neymar. Um forma de fazer com que ele mostre a cara na seleção.

Tite deveria levar em consideração o fato de que quem mostra a cara sem estar preparado está sujeito a apanhar. Em outras palavras, será que é uma boa pressionar mais quem já não estava suportando a pressão (absolutamente natural) que carregava?

Vale lembrar que Neymar já foi capitão da seleção e nada mudou. Acabou dispensando a patente. A volta à função, então, só deveria acontecer quando ele estivesse preparado e não para ajudar em sua preparação. Afinal, o capitão deve ajudar a seleção. Fazer o contrário é jogar contra o espírito coletivo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.