Rachado com Galiotte, COF abre investigações sobre temas que atingem gestão
O COF (Conselho de Orientação e Fiscalização do Palmeiras) criou três comissões para investigar e analisar casos que envolvem a atual administração ou aliados da diretoria.
No alvo estão a Palmeiras Tour, agência de turismo licenciada pelo clube, Seraphim Carlos Del Grande, presidente do Conselho Deliberativo e próximo de Maurício Galiotte, e um suposto vazamento de imagens de câmeras internas do clube que atinge a oposição.
Um dos casos, o que envolve a agência de turismo, é objeto também de uma investigação da Polícia Civil a pedido do Ministério Público. O promotor Paulo Castilho recebeu denúncia de que ingressos destinados ao setor gol norte do Allianz Parque são desviados para a Palmeiras Tour vender as entradas por preços superiores aos de bilheteria.
O Palmeiras diz que por contrato a agência tem direito a um determinado número de ingressos na área e que seus preços podem ficar mais caros por incluírem outros serviços.
Por sua vez, o COF quer saber porque são fornecidos ingressos do setor em que ficam torcidas uniformizadas, além de destrinchar a relação entre clube e empresa. O órgão também quer detalhes sobre a prestação de contas da agência de turismo ao clube para verificar se os pagamentos estão em dia.
Procurada, a Palmeiras Tour indicou para falar sobre o assunto a assessoria de imprensa do Palmeiras, que afirmou que o clube não se manifestaria.
Sobre Seraphim, o COF recebeu queixa de que ele teria ferido o estatuto do clube utilizando áreas da sede social para fazer campanha a favor de mudanças estatutárias junto com Leila Pereira, dona da Crefisa. O órgão está em dúvida se tem competência para tomar decisões sobre o assunto. Por isso, montou uma comissão que irá estudar a situação de acordo com as regras estatutárias. A análise dirá se o COF pode tomar alguma medida.
"Eles que façam o que acharem que deve ser feito. Mandei uma carta para o COF dizendo que esse assunto deveria ser encaminhado ao presidente do clube. Entendo que eles deveriam arquivar o caso. Mas o COF respondeu que uma comissão vai analisar minha carta", disse Seraphim ao blog.
O terceiro caso está relacionado a uma imagem que teria sido gravada pelas câmeras internas instaladas na sede social do clube. Nelas o ex-presidente Mustafá Contursi aparece numa situação rotineira cumprimentando Genaro Marino, vice que se distanciou na atual gestão.
O vídeo circulou em grupos de trocas de mensagens entre conselheiros. De acordo com membros do COF ligados a Mustafá, a imagem foi usada com conotação política para mostrar uma suposta aproximação entre os dois. Genaro deve ser candidato à presidência contra Galiotte no próximo pleito.
Como Contursi é "cofista", o órgão quer que o presidente palmeirense explique se apurou o caso e se identificou e puniu os responsáveis pelo vazamento. Caso fique provado o envolvimento de conselheiros no episódio, o assunto será encaminhado para o Conselho Deliberativo. A diretoria também não quis se manifestar sobre esse episódio.
A criação das comissões acontece num momento de crise entre COF e Galiotte. O órgão tem reprovado as contas mensais da gestão do presidente. Os "cofistas" não concordam com a maneira como é contabilizada parte da verba que entra no clube por meio da Crefisa desde que o contrato de patrocínio foi alterado.
O órgão não aprovou a alteração contratual que transformou em empréstimo parte da receita que antes era de patrocínio feito pela parceira. A divergência se agravou depois que Galiotte pediu para o Conselho Deliberativo deliberar sobre o impasse. Os conselheiros aprovaram os adendos contratuais e o COF se sentiu desrespeitado.
Há ainda um conflito deflagrado de Leila e José Roberto La Macchia, conselheiros, além donos da Crefisa, com Contursi, influente no Conselho de Orientação e Fiscalização. Ex-aliados, eles se desentenderam depois de o ex-presidente não apoiar a alteração estatutária que aumentou de dois para três o tempo de mandato presidencial no clube.
Na diretoria há quem entenda como gesto político as criações das comissões. Já os "cofistas" alegam que atuam de maneira puramente técnica.
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