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Opinião: perto de final, desabafo de Carille nada explica e deixa suspeitas

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16/10/2018 04h00

Na opinião deste blogueiro, Fábio Carille deu uma bola fora ao falar de maneira misteriosa sobre o motivo para a sua saída do Corinthians.

Errou porque, se resolveu falar, deveria ter sido transparente e relatado sua versão por completo. E também por ressuscitar um tema que pode ter desdobramentos internos às vésperas da participação de seu ex-time na decisão da Copa do Brasil, nesta quarta (17), com o Cruzeiro. Deselegância pura.

"São coisas que eu nunca vou dividir com ninguém, coisas que estavam acontecendo no Corinthians. Não estava dando para mim. Coisa muito pessoal. Já estava para sair a qualquer momento", afirmou o treinador do Al-Wehda ao UOL Esporte. 

O nebuloso desabafo joga suspeitas sobre o trabalho da atual administração no momento mais importante para o alvinegro na temporada.

Fica reaberta a discussão sobre se de fato Andrés Sanchez não se bicava com o técnico, como diziam opositores do presidente corintiano. O deputado federal, por sua vez, sempre negou essa versão.

As declarações deixam ao menos outra dúvida: Carille avisou para a direção que estava para sair a qualquer momento antes mesmo de a proposta árabe se concretizar? Avisar seria o mais justo com o Corinthians, independentemente de quem está no poder. Em tese, o clube teria como se preparar melhor para a mudança.

Esconder uma parte da história agora também impede o alvinegro de sanar eventuais problemas que estejam ocorrendo internamente. Não seria justo a torcida, conselheiros e diretores saberem o que de tão grave estava acontecendo para buscarem uma mudança, se for o caso?

O resumo da ópera é bem simples. Carille deveria ter falado assim que saiu sobre a situação como uma forma de alerta para a comunidade corintiana. Se mudou de ideia meses depois e resolveu falar, deveria contar tudo o que sabe. Porém, o técnico escolheu o pior caminho e momento. Nada explicou, só confundiu.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.