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Críticas de Raí a Bolsonaro e silêncio do SPFC chateiam parte do conselho

Perrone

07/11/2018 12h00

As críticas disparadas por Raí contra Jair Bolsonaro em recente entrevista ao jornal francês "L'Equipe" e o silêncio do São Paulo em relação a elas incomodaram parte dos conselheiros tricolores.

Um dos motivos de insatisfação é o fato de o clube ter se manifestado oficialmente depois de Diego Souza comemorar seu gol contra o Flamengo no último domingo (4) homenageando o presidente eleito e ter se calado diante das declarações de Raí.

De acordo com a "Folha de S. Paulo", o clube afirmou que a posição do jogador não reflete à da agremiação e que não se vê no direito de cercear a opinião alheia. O posicionamento oficial foi dado diretamente aos órgãos de imprensa que o pediram. Não houve comunicado divulgado no site do clube.

De acordo com o departamento de comunicação tricolor, só houve posicionamento sobre a comemoração porque o clube foi indagado a respeito do assunto. E não existiu manifestação sobre a entrevista de Raí porque ninguém fez perguntas relativas à ela.

Entre os insatisfeitos está um eleitor do atual presidente tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Ele procurou o blog para falar sobre o caso em tom de desabafo. O conselheiro incomodado disse, sob a condição de anonimato, que os insatisfeitos entendem que a atual direção é mais tolerante com as manifestações contrárias ao presidente eleito.

Outros dois membros do conselho são-paulino confirmaram a versão de que há insatisfação com o episódio no qual Raí criticou Bolsonaro.

Também faz parte das queixas o fato de o diretor executivo de futebol do São Paulo estar envolvido com a elaboração do código de conduta e de ética do clube. Como mostrou o blog, o documento deve vetar manifestações políticas de funcionários, incluindo jogadores e dirigentes remunerados.

O argumento é de que Raí teria agido de maneira contraditória em relação ao futuro código ao fazer comentários políticos publicamente. Na entrevista, o ex-jogador chegou a chamar de absurdos e repugnantes os valores defendidos por Bolsonaro e seus eleitores.

O blog procurou a assessoria de imprensa do São Paulo para tentar ouvir Raí sobre o assunto e segue aguardando uma resposta oficial.

Um membro do conselho que confirma haver colegas insatisfeitos com as críticas de Raí é o opositor Newton Luiz Ferreira, o Newton do Chapéu.

Ele disse que acredita ter sido procurado por sócios e torcedores, além de membros do conselho, insatisfeitos com o diretor executivo por ter feito campanha por votos para Bolsonaro.

Mas, ao escrever em rede social sobre essa insatisfação de parte dos são-paulinos, ele defendeu Raí. "Obviamente, tenho uma posição contrária a dele, porém vivemos em um estado democrático, e o depoimento do Raí foi como cidadão brasileiro, não falou representando o São Paulo", escreveu Newton no dia 1º de novembro. O opositor deixou claro não fazer parte do grupo que está aborrecido com o ex-jogador.

Tréllez

Um dos conselheiros que conversaram com o blog disse estranhar o fato de entre o primeiro e o segundo turnos da eleição presidencial a numeração de Tréllez ter mudado de 17, número de Bolsonaro no pleito, para 7.

Segundo a assessoria de imprensa do São Paulo, a alteração foi feita devido a um pedido incessante de Tréllez desde que Nenê assumiu a camisa 10.

O colombiano não recebeu a camisa 7 antes porque Rojas desejava o mesmo número. Só depois que os dois concordaram foi feita a mudança. Rojas ganhou o número 11.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.