Topo

Perrone

Preso, autor do 'Blog do Paulinho' vê perseguição. Polícia explica prisão

Perrone

09/11/2018 22h11

O Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas da Polícia Civil de São Paulo (Decade) prendeu nesta sexta (9) Paulo Cezar de Andrade Prado, autor do Blog do Paulinho, voltado para bastidores do futebol.

Depois da prisão, o blogueiro ainda publicou um post no qual se disse "vítima de mais uma ato de violência contra a imprensa do Brasil". Por sua vez, a polícia nega irregularidades e alega que apenas cumpriu mandado de prisão.

"Nesse clima de intimidação à imprensa que existe no país, acabo de ser preso pela polícia de São Paulo, que cumpriu mandado por difamação", escreveu Paulinho em seu espaço na internet. Segundo ele, a prisão foi provocada por um processo movido pelo apresentador Milton Neves que acusou o blogueiro de difamação. Por sua versão, a condenação é pouco superior a um mês de prisão.

Ele já havia sido preso em 2015, também em virtude de uma condenação por difamação.

"O termo (usado contra Milton Neves), jocoso, utilizado em texto crítico, foi tratado pelo judiciário como pesos e medidas distintos do que ocorre habitualmente com diversos jornalistas. A perseguição é evidente", completou Paulinho.

Procurado pelo blog, o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, diretor do Decade, rebateu a queixa do blogueiro. "Não teve nada de violência. Nós apenas cumprimos um mandado de prisão. Ele estava foragido faz tempo, havia seis meses que estávamos o procurando. O problema dele é com a Justiça, não com a polícia", declarou o delegado.

Segundo Gonçalves, Paulinho permanecia preso no 77º Distrito Policial de São Paulo na noite desta sexta. "Ele não resistiu, foi cordial. Também foi tratado com cordialidade pelo nosso pessoal", disse o policial.

Ainda de acordo com Gonçalves, Paulinho foi detido em um apartamento na avenida Paes Leme, na capital.

Heroi Vicente, advogado de Milton Neves, afirmou que os fatos em questão referem-se à ofensa proferida pelo jornalista contra seu cliente, "injustamente agredido no âmbito de sua memória familiar".

Ele diz que ocorreu uma condenação em processo criminal regular e a sentença está sendo cumprida. Vicente declara que não ocorreu nenhuma espécie de perseguição policial. O mandado de prisão encontrava-se pendente há muito tempo.

O advogado acrescenta que na esfera cível há ainda uma execução judicial de crédito e, como não foram encontrados bens à penhora, o exequente está buscando a constrição de bens intangíveis, como o domínio na internet (website) do devedor.

Na publicação sobre a prisão, Paulinho atacou Romeu Tuma Júnior, seu ex-advogado e conselheiro do Corinthians.

"Meu recurso, que provavelmente seria vencedor, não foi aceito porque, estranhamente, meu ex-advogado à época, Romeu Tuma Júnior, deixou de depositar as custas do processo, alegando que 'não sabia' da obrigatoriedade de fazê-lo antecipadamente. Não se lembrou, também, de avisar-me do mandado de prisão, que descobri, sozinho, após consulta ao sistema do TJ-SP".

Ao blog, Tuma Júnior negou as acusações. Afirmou que, quando assumiu o caso, Paulinho já tinha sido condenado a quatro meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto. Após sua atuação, afirma, a pena foi reduzida para um mês.

"Eu tentaria um recurso especial, que é muito difícil. Eles já não vinham pagando custas processuais. Avisei que que era preciso recolher as custas para entrar com o recurso. Ele não recolheu. Nem analisaram o recurso. Não é o advogado que paga as custas, é o cliente. E eu paguei várias custas pra ele. Quando a condenação saiu, não era mais advogado dele. Nem fiquei sabendo, a responsabilidade não era minha", afirmou Tuma Júnior.

Ele disse ainda que se o blogueiro escreveu  a publicação depois de preso cometeu ilegalidade. Por isso pedirá investigação policial para saber se o post foi agendado antes da prisão. "Também vou pedir para apurarem quem o ajudou a ficar foragido. Quem financiava a fuga cometeu crime", afirmou.

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.