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Corinthians prevê gastar até fim de 2018 R$ 107,1 mi a mais do que calculou

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05/12/2018 04h00

Relatório financeiro do Corinthians mostra que o clube espera fechar 2018 com gasto de R$ 107.129.000 a mais do que calculado na previsão orçamentária para esta temporada.

Os dados estão no "Ciclo de Planejamento – 2019", documento aprovado pelo Cori (Conselho de Orientação) e pelo Conselho Fiscal. Uma versão foi enviada aos conselheiros. Eles se reunirão para aprovar ou não o relatório.

A diretoria usou a contabilidade registrada até setembro de 2018 e fez uma projeção dos três últimos meses do ano para chegar aos valores que espera registrar ao final de dezembro.

A previsão é de despesa líquida no ano de R$ 388.881.000. No início de 2018, o orçamento feito pela direção apontava que esse gasto deveria ser de R$ 281.752.000. O estouro foi de quase 27,5%.

O mesmo documento prevê que a despesa líquida em 2019 seja pouco menor do que a esperada até o fim deste mês. Ela está estimada em R$ 387.253.000.

Ao mesmo tempo, a projeção para 2018 é de uma receita líquida R$ 33.276.000 maior do que a prevista antes do começo do ano. A expectativa da diretoria é de que em 31 de dezembro o clube registre receita líquida de R$ 318.891.000 no ano. A previsão inicial era de R$ 285.615.000.

Nesse contexto, o clube projeta terminar 2018 com um deficit de R$ 26.392.000. No final de setembro, o resultado já era deficitário em cerca de R$ 26,2 milhões. A projeção inicial era de superavit de R$ 515 mil. Em 2017 foi registrado deficit de aproximadamente R$ 35,1 milhões.

O orçamento para 2019 aponta superavit de R$ 650 mil com receita líquida no valor de R$ 399.061.000.

Trecho do relatório aponta o gasto com salários no futebol como responsável por parte do aumento da despesa em 2018 na comparação com a previsão orçamentária. O departamento não cumpriu a meta de reduzir os custos nesse ponto.

"As despesas com salários e encargos estimadas para o fechamento de 2018 apresentam uma variação de cerca de 9,8% acima do previsto originalmente. Essa variação deve-se basicamente ao não cumprimento da estimativa de redução de 2% nessas despesas incluída na previsão orçamentária para 2018. O futebol teve ainda um incremento de 7%  (acima da redução não atingida) em função da remontagem do elenco para a temporada de 2018", aponta o documento.

Em seguida, é prevista para 2019, "conservadoramente", uma redução de 7% nos gastos com pessoal, incluindo outras modalidades.

O orçamento do próximo ano calcula no futebol despesa de R$ 148.298.000 com "despesas de pessoal" (inclui salários, direitos de imagem de jogadores da equipe profissional e encargos, de acordo com o documento). A projeção é de que esse gasto até o final de 2018 seja de R$ 171.781.000. Contando 13º salário, a média de despesa mensal nesse quesito deve ficar em cerca de R$ 13,2 milhões (com encargos trabalhistas).

O gasto registrado em 2018 e o previsto pra a próxima temporada se enquadram nas regras do Profut, segundo o relatório. O programa que refinanciou dívidas fiscais dos clubes determina que a folha de pagamento dos atletas profissionais não pode superar 80% da receita bruta anual gerada pelo departamento.

Patrocínio

Em termos de receitas, um golpe no planejamento corintiano para 2018 foi dado pela continuidade da ausência de um patrocinador principal fixo na camisa do time.

Tanto que o orçamento original estipulava arrecadação de R$ 63.553.000 com patrocinadores no uniforme e agora a projeção para o fim de 2018 é de R$ 18.086.000. Ou seja, a expectativa é de que ao término de dezembro essa receita alcance pouco menos de 28,5% da previsão inicial. Os números incluem outras modalidades além do futebol.

No entanto, o orçamento de 2019 prevê melhora. Ele calcula em R$ 42.486.000 a arrecadação com anunciantes no uniforme. "A meta será atingida em função das negociações em curso para esses patrocínios", aponta o relatório. Nesse cálculo está a receita com patrocinador máster.

Sócio-torcedor

O lucro com o Fiel Torcedor em 2018 também vai ficar abaixo do projetado. A previsão final é de que ele seja de R$ 5.619.000. Inicialmente, eram esperados R$ 9 milhões.

A documentação apresentada aos membros do Cori detalha que o plano de sócio-torcedor deve gerar neste ano receita de R$ 9.366.000 e despesas de R$ 3.746.000. A previsão orçamentária para 2019 projeta lucro de R$ 6 milhões com o Fiel Torcedor. Esses cálculos não levam em consideração a venda de ingressos.

O orçamento do próximo ano calcula ainda um aumento na verba gerada pelos contratos de transmissão de jogos da equipe pela TV e comercialização de publicidade estática. A projeção é de R$ 240.139.000 a serem embolsados no próximo ano. Em 2018, essa verba deve ficar em R$ 197.775.000. A avaliação inicial era de que a quantia vinda da televisão seria de R$ 163.527.000 na atual temporada.

No documento a diretoria explica que o orçamento para 2019 foi feito de maneira conservadora em relação até qual fase o time pode chegar nas competições ou em que posição pode terminar. Isso porque as receitas de TV variam conforme a classificação.

O cálculo foi baseado em valores pagos pela sétima posição no Brasileirão e chegada às oitavas-de-final da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Vale lembrar que a avaliação não significa que esses são os melhores desempenhos projetados pela diretoria.

Venda de jogadores

De acordo com o levantamento, 0 Corinthians deve encerrar 2018 registrando R$ 110.188.000 amealhados com o repasse de direitos federativos de atletas. A previsão no começo do ano era de que essa quantia seria de R$ 50.150.000. O orçamento de 2019 projeta a entrada de R$ 54.030.000 nos cofres alvinegros graças à negociação de atletas.

Porém, o documento apresenta também dados referentes às vendas com o desconto de despesas para a realização das operações. Esse trecho prevê que a receita líquida em 2018 com o repasse de direitos federativos será de aproximadamente "R$ 70,7 milhões, 38% superior ao resultado apurado em 2017".

Para 2019, a expectativa é de receita líquida com essas negociações no valor de R$ 34 milhões.

O documento não traz dados sobre o dinheiro desembolsado pelo clube com a contratação de atletas. A justificativa é de que as compras de direitos federativos são registradas como investimentos, assim não entram na lista de despesas.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a direção do Corinthians afirmou que não pode se manifestar antes da reunião em que o Conselho Deliberativo vai analisar o relatório.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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