Topo

Perrone

Crefisa processa vice-presidente do Palmeiras por entrevista ao UOL

Perrone

01/12/2018 04h00

A Crefisa, patrocinadora do Palmeiras, entrou na última terça (27) na Justiça com ação por danos morais contra Genaro Marino Neto, vice-presidente do clube. O pedido é de indenização de R$ 100 mil. O cartola foi derrotado pelo atual presidente alviverde, Maurício Galiotte, na eleição do último dia 24.

A empresa alega que teve sua honra atacada pelo dirigente. Isso porque em entrevista ao UOL Esporte ele chamou de fraude a mudança em um dos contratos entre o Palmeiras e sua parceira pelo fato de a direção alviverde não ter alterado o balanço financeiro para registrar a modificação. Ao blog, Genaro afirmou que seu comentário foi sobre o clube ter cometido fraude, na opinião dele, não a empresa.

Além de querer ser indenizada, a Crefisa pediu tutela de urgência de natureza antecipada para que o vice promova, "às suas expensas, a total exclusão da referida reportagem" sob pena de multa diária de R$ 10 mil.

"Esse assunto está sendo tratado pelo departamento jurídico da empresa. E toda vez que o departamento jurídico identificar algum tipo de ofensa à instituição, serão tomadas as devidas providências", disse ao blog, por meio de sua assessoria de imprensa, Leila Pereira, presidente da Crefisa.

Leila já havia processado Genaro, Victor Fruges e José Carlos Tomaselli, também vices do clube, pedindo R$ 100 mil de cada por danos morais.

Como mostrou o blog, a Justiça considerou o pedido improcedente em primeira instância. A empresária, que também é conselheira palmeirense, decidiu recorrer da decisão. Neste caso, ela se sentiu atacada por nota de repúdio escrita pelos vices após entrevista concedida por ela ao Blog do Ohata.

Na ação movida pela Crefisa, seus advogados alegam que a empresa tem "suportado constrangimento diário em sua honra objetiva, questionamentos injustos e comentários ofensivos", por causa da declaração de Genaro, publicada na véspera da eleição.

"Se fosse para tumultuar, falaríamos da fraude de mudança de contrato da Crefisa, em fevereiro, em março", disse Genaro durante a entrevista.

Indagado sobre qual foi a fraude, o dirigente respondeu: 'eles (Crefisa) alteraram tudo para não tomar multa (da Receita Federal), mas o Palmeiras não alterou o balanço (em virtude da mudança contratual). Isso está fora da lei".

Procurado para comentar o novo processo, Genaro declarou: "quando desta nova ação, já tinha saído a decisão a nosso favor na ação contra o repúdio. Nesta, ela (Leila/Crefisa) toma para ela o comentário de que o clube praticou fraude alterando o contrato, retroagindo e onerando o Palmeiras sem alterar o balanço de 2017".

Na ação contra o vice, os advogados da Crefisa reforçam a posição da empresa de que não houve fraude e explicam que o contrato em questão sofreu modificações para cumprir determinação da Receita Federal.

Foi anexado ao processo trecho de documento no qual divisão de fiscalização do  órgão federal aponta que os seguidos acordos envolvendo o programa de sócio-torcedor do clube não eram patrocínios, mas empréstimos para compra e manutenção de jogadores.

Até então, se o Palmeiras vendesse um atleta contratado pela Crefisa por um valor inferior ao pago pela empresa, a parceira ficaria com o prejuízo. Agora, o clube é obrigado a devolver o montante integral desembolsado pela Crefisa.

Em caso de lucro, ele pertence ao clube desde que não existam valores sendo cobrados pela patrocinadora referentes a outras negociações de jogadores. O alviverde terá que devolver à parceira pelo menos R$ 120 milhões.

Com Pedro Lopes, do UOL, em São Paulo

Leia também:

Galiotte fala que dívida com Crefisa é corrigida e vê Paulista como treino

Palmeiras só lucra com atleta ligado à Crefisa se estiver em dia com ela

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.