Topo

Perrone

Briga por locais de torcidas em final no Maracanã mostra poço sem fundo

Perrone

17/02/2019 09h52

A briga pelo espaço das torcidas no Maracanã na final da Taça Guanabara indica que o futebol do Rio de Janeiro está metido num poço sem fundo. Quando achamos que já vimos de tudo, acontece a disputa entre Fluminense e Vasco que ameaça deixar o jogo deste domingo (17) como portões fechados apesar de ingressos já terem sido vendidos.

Em meio ao luto do país pela morte de dez meninos no incêndio no CT do Flamengo, os cartolas dos dois clubes e da Federação do Rio, além dos gestores do estádio, mostram que são capazes de brigar por coisas menos importantes enquanto temas realmente urgentes esperam por soluções. Em vez de cuidarem de problemas que possam evitar novas tragédias ou simplesmente tratarem de estacar a decadência do futebol do Rio de Janeiro, eles agem como crianças que brigam para ver quem senta no banco da frente do carro.

A bagunça na decisão empurra o futebol do Estado ainda mais para baixo no poço sem fim. O torcedor precisa ser muito apaixonado para continuar interessado em ir aos jogos do Campeonato Carioca diante de tanta esculhambação. Os dirigentes talvez apostem que a paixão do fã por seu clube resista a todo tipo de desrespeito. Pode até ser que isso aconteça com a velha guarda. Mas, e os mais jovens, com tanta oferta de futebol internacional de excelente nível ao vivo, em todo o tipo de plataforma? Sem o mínimo de organização é difícil disputar o coração da molecada com os gigantes europeus. Claro que isso não vale só para o Rio de Janeiro. O futebol brasileiro em geral judia de seus seguidores e corre o mesmo risco a longo prazo. A diferença é que no Rio o esporte mais popular do mundo parece estar num estado de putrefação mais avançado.

Diante de tanta infantilidade demonstrada por quem deveria agir com responsabilidade, impossível não temer novas tragédias.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.