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Opinião: Ganso de volta ao Brasil é caso marcante de desperdício

Perrone

01/02/2019 18h01

A contratação de Paulo Henrique Ganso pelo Fluminense consolida o caso do meia como um dos maiores exemplos de talento desperdiçado do futebol brasileiro. Nada contra o Flu, de tantas glórias. O desperdício acontece por  ele estar de volta ao Brasil depois de não decolar na Europa.

Confesso que quando Ganso surgiu no Santos ao lado de Neymar em determinado momento fiquei em dúvida sobre qual dos dois era melhor. Claro, hoje é inegável que o astro do PSG está muito acima do ex-colega, ainda que não tenha atingido o nível que eu esperava.

Jogador que tem o talento de Ganso para tocar na bola, sua visão de jogo e inteligência para distribuir a bola deveria estar brilhando num dos gigantes da Europa. Não tenho a pretensão de cravar qual o motivo para o ex-santista não ter estourado em solo europeu. Difícil achar uma resposta certeira. Mas acredito que passa por uma dificuldade que o meia deve ter em atender aos pedidos da maioria de seus treinadores. Pode ser que falte intensidade e colaboração na marcação. Se for isso, a responsabilidade é só do atleta. São pontos que podem ser aprimorados com paciência e dedicação. Vejo uma certa dose de conformismo empurrando a ex-promessa para baixo. Aparentemente falta Ganso lutar mais quando um treinador aponta pra ele e diz: "esse não serve pra mim".

No Fluminense, ele tem boas chances de dar certo. Porém, mesmo que termine o ano como um dos destaques do Brasileiro, é pouquíssimo para quem tem o seu talento. Paulo Henrique deveria estar brigando para ser um dos melhores do mundo, não de um campeonato na América do Sul.

Se foi bom negócio para o Flu, depende do impacto do salário dele nas finanças do clube e no vestiário. Se não desequilibrar nenhuma das duas áreas, a probabilidade de sucesso é grande.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.