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Opinião: mudar formato aumenta crise de identidade do Mundial de Clubes

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15/03/2019 15h38

Desde sempre a disputa pelo título de campeão mundial de clubes sofre uma crise de identidade. Os diferentes formatos e nomenclaturas geram desnecessárias polêmicas entre torcedores sobre quem é legítimo detentor do título e desvaloriza o produto.

Tudo que a competição não precisava é de mudança, como a anunciada agora pela Fifa. De cara, a decisão de realizar o torneio a cada quatro anos cria o incômodo de quebrar a tradição de se definir quem é o melhor de cada ano.

Os critérios para a escolha dos participantes, ainda não definidos oficialmente, têm potencial problemático. A Conmebol, por exemplo, pretende enviar como seus representantes os campeões das quatro Libertadores anteriores à edição do Mundial a ser disputada. Como a qualidade dos times no continente sofre brutais mudanças rapidamente, é possível ver equipes absurdamente enfraquecidas entrando em campo.

Os europeus sofrem menos com a irregularidade de seus clubes. Um modelo assim, em tese, reduziria ainda mais as chances de representantes de outros continentes levantarem a taça. A tendência é que os times da Europa dominem as fases mais agudas da competição. Será que faz sentido um torneio assim diante do sucesso que é a Champions?

Com tantas incertezas, a Fifa deveria se preocupar mais em ouvir jogadores e torcedores antes de escolher um caminho. É preciso saber o que mais motiva atletas e fãs para que o Mundial seja, enfim, um sucesso. Também é necessário que o novo formato tenha vida longa. Cada vez que uma fórmula é testada e abandona, menos credibilidade tem a competição. E mais discussões pouco produtivas acontecem.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.